Brasília, 15 fev (EFE).- O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta terça-feira perante o Congresso a alta de 5,88% proposta pelo Governo para o salário mínimo e alertou que um aumento maior significará um risco para as contas públicas e para a inflação.
O Congresso votará o projeto de lei que aumentará o salário mínimo nos próximos dias e tanto a oposição, como alguns setores minoritários da base governista e dos sindicatos, pretendem elevar a taxa proposta pelo Governo com a alegação de que é menor que a inflação de 2010, que foi de 5,91%.
A oferta do Governo de Dilma Rousseff levaria o salário mínimo a R$ 545 e bate de frente com o exigido pelos sindicatos e a oposição, que pedem diferentes propostas que variam entre R$ 560 e R$ 600.
Mantega compareceu nesta terça-feira perante o Congresso e afirmou que o salário mínimo aumentou entre 2003 e 2010, durante o Governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 57%, e sustentou que Dilma Rousseff continuará com as políticas que permitiram essa valorização.
No entanto, lembrou que devido à crise global que explodiu em 2008 a economia não cresceu o que o Governo esperava e que isso afetou todas as contas públicas, ao ponto que na semana passada Dilma anunciou um grande corte no orçamento nacional para 2011.
"Acabamos de fazer um corte, uma redução de despesa forte de R$ 50 bilhões. Seria incongruente para nós darmos um aumento superior a 545", afirmou Mantega na audiência parlamentar, da qual participaram cerca de 200 representantes das centrais sindicais e uma dezena de membros de organismos empresariais.
O deputado Paulo Pereira da Silva, que também preside a central operária Força Sindical, respondeu que o aumento sugerido pelo sindicato supera somente em R$ 15 a oferta do Governo.
"Nós estamos falando de R$ 560. R$ 560 são R$ 15 a mais por mês. Por dia dá exatamente essa moedinha aqui de R$ 0,50. É isso, Mantega, que nós estamos pedindo para dar de aumento aos trabalhadores do Brasil", declarou Paulo Pereira da Silva.
A voz dos empresários foi assumida pelo gerente-executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, que advertiu que, além de provocar desequilíbrios nas contas públicas, um salário superior ao oferecido pelo Governo teria "impacto direto na produtividade" do setor privado.
Esta é a primeira polêmica que o Governo de Dilma Rousseff enfrenta com os sindicatos, nos quais a presidente e o PT têm sua base de apoio.
Nessa queda-de-braço, Dilma conta com o apoio da maioria dos partidos de sua ampla base parlamentar, que se comprometeram a votar a favor da proposta do Governo, que é a mesma feita no final de 2010 pelo ex-presidente Lula. EFE