SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de alimentos BRF começa em janeiro o processo de concentração e rearranjo de suas linhas produção, com o qual pretende aumentar produtividade e as margens de lucro, disseram executivos nesta sexta-feira.
"Deverá trazer ganhos em produtividade, a concentração de certas linhas de produção, para não estarem dispersas... é mais um ganho a ser buscado", afirmou o diretor-presidente global Cláudio Galeazzi, durante conferência com analistas de mercado.
O objetivo é avançar em mais uma frente de um amplo processo de reestruturação, iniciado há um ano, que permitiu à companhia registrar lucro líquido de 624 milhões de reais no terceiro trimestre, aumento de 117,5 por cento ante o ano anterior. No último período, o impulso foi dado principalmente por maiores vendas no mercado interno.
A ociosidade das plantas da BRF está atualmente em 30 por cento da capacidade instalada, disse Galeazzi.
"A oportunidade (de melhoria) do 'footprint' é real nesta companhia. Ela não significa uma redução do parque, necessariamente. Ela significa vocacionamento maior de plantas", disse Pedro Faria, que assume em janeiro a presidência global da BRF no lugar de Galeazzi, ressaltando que várias fábricas elevarão capacidade.
A empresa planeja a transferência de linhas de produção para unidades de maior produtividade, além de maior separação entre plantas que produzem para a exportação e as que produzem para o mercado interno, disseram os executivos.
A BRF inaugura ainda em novembro uma fábrica em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. A nova unidade vai "mudar o paradigma" de produção da companhia, até então concentrado no Brasil, disse Pedro Faria, que atualmente ocupa a presidência internacional da empresa.
"É um grande marco da globalização da companhia, de ter uma fábrica, talvez a maior do sistema BRF de processados, num mercado em que a gente já está há quase 40 anos", disse o executivo.
A ação da BRF operava em alta de 2 por cento por volta das 12h, enquanto o Ibovespa subia 1,4 por cento no mesmo horário.
PERDIGÃO
O ano de 2015 também vai marcar o retorno de produtos com a marca Perdigão ao mercado.
A marca teve que ser retirada de muitos segmentos, para que a BRF cumprisse uma determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para garantir a concorrência no setor, após a incorporação da Sadia pela Perdigão, que resultou na BRF.
Como a participação de mercado da Sadia em determinadas categorias de produtos é mais de 50 por cento, "talvez um pequeno grau de canibalização aconteça", disse o vice-presidente de finanças Augusto Ribeiro Jr.
Questionado, na conferência com analistas, ele preferiu não dar detalhes dos planos para reintrodução da marca Perdigão.
"Não podemos comentar nada. Tem muita gente ouvindo. Essa estratégia de volta ao mercado é uma estratégia interna. Acho que vocês vão entender", disse.
(Por Gustavo Bonato)