SÃO PAULO (Reuters) - A BRF (SA:BRFS3), maior exportadora de carne de frango do mundo, divulgou nesta quinta-feira um salto anual de quase 50 por cento no lucro líquido do segundo trimestre e citou dificuldade em reajustar preços no Brasil no segundo semestre, diante do encolhimento da economia e retração do consumo.
A companhia teve lucro líquido de operações continuadas de 364 milhões de reais no segundo trimestre, salto de quase 47 por cento sobre o resultado obtido um ano antes, apoiado em crescimento de 12,8 por cento na receita líquida e controle de despesas, que ficaram praticamente estáveis do ponto de vista de percentual do faturamento líquido.
"A companhia sempre manteve estratégia de proteger suas margens. O que é diferente hoje é que com um consumo possivelmente mais reprimido (no segundo semestre) temos que ser um pouco mais seletivo sobre preços", afirmou o vice-presidente financeiro da BRF, Augusto Ribeiro, a jornalistas.
"Mas tem muitas formas de se proteger margens, uma delas é via mix de produtos (...) Ainda é uma incógnita a forma pela qual a empresa vai implementar política de preços no segundo semestre, mas não vemos muito espaço para aumento de preços", disse Ribeiro.
A BRF teve geração de caixa medida medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 1,38 bilhão de reais, crescimento de 43,6 por cento na comparação anual. A margem no período cresceu quase quatro pontos percentuais, para 17,4 por cento.
Analistas, em média esperavam Ebitda de 1,3 bilhão de reais para a BRF no segundo trimestre e lucro líquido de 437 milhões.
As operações da BRF no Brasil tiveram uma queda de 3,9 por cento no lucro antes de juros e impostos (Ebit) do segundo trimestre, a 389 milhões de reais. O resultado foi impactado não só pela redução no consumo, mas também por aumento de despesas que incluíram reforço nas áreas comerciais com a criação de cinco estruturas regionais da empresa no país.
Segundo Ribeiro, "se o Brasil tivesse em uma situação de demanda crescente, os resultados teriam sido melhores. Evidente que economia nos afetou".
Porém, a receita da operação brasileira da BRF cresceu 8 por cento no período, a cerca de 4 bilhões de reais. Ribeiro comentou que apesar da crise econômica, a indústria de alimentos costuma sofrer menos que outros segmentos, como eletrodomésticos.
A BRF encerrou o primeiro semestre com dívida líquida de 5,9 bilhões de reais ante 5,1 bilhões no mesmo período do ano passado. A alavancagem no período passou para 1,12 vez a dívida líquida sobre Ebitda ante 1,04 vez no final de 2014.
(Por Alberto Alerigi Jr.)