Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - O município de Canarana (MT) publicou decreto que suspende o transporte de produtos agrícolas para fora da cidade, em medida para conter a disseminação do coronavírus, mas que poderia também interromper o fluxo de mercadorias e operações de tradings globais que atuam no região.
A determinação, de 22 de março, impede o escoamento de grãos para fora da cidade localizada em Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja e milho.
Em um documento à parte visto pela Reuters, o prefeito Fábio de Faria propõe que empresas como Cargill, Louis Dreyfus e Cofco tenham um período de dez dias para se adaptar à determinação.
As empresas não responderam de imediato a pedidos por comentários, assim como a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Telefonemas à prefeitura de Canarana não foram atendidos.
Um agricultor local disse à Reuters nesta terça-feira que armazéns da região estão recebendo grãos normalmente, apesar da determinação. Ele pediu para não ser identificado, pois negociações do setor com o prefeito a respeito do decreto ocorrerão na quarta-feira.
O produtor afirmou que se os embarques pararem, o lobby agrícola local poderá recorrer à Justiça.
Agricultores estão preocupados por terem vendido grãos nos mercados futuros. Os produtos precisam ser movimentados entre as áreas de plantio e os armazéns pelas tradings antes do embarque para exportação.
"Se eles não carregarem, eles não vão querer nos pagar... Pelo ponto de vista comercial, não tem como deixar os navios parados", disse ele.