Lourdes Abad.
Genebra, 15 out (EFE).- Subir ao altar com um vestido feito de tecido de paraquedas e andar com sapatos fabricados com pneus velhos de bicicletas são algumas das propostas de estilistas inovadores que defendem que é possível estar na última moda e respeitar o meio ambiente.
Alguns dos modelos mais comprometidos com a natureza desfilaram no dia 13 de outubro sobre a passarela da quinta edição da "Ethical Fashion Night" (Noite da Moda Ética) que aconteceu em Genebra com a presença de mais de 500 pessoas.
O evento reuniu três desfiles cheios de glamour e de consciência ecológica para apresentar as últimas tendências de uma moda responsável e sensível aos problemas ambientais e sociais da produção têxtil, de joias e de cosméticos.
"Nosso objetivo nesta noite é criar um evento agradável e divertido. Todas as criações que escolhi para esta noite são peças de prêt-à-porter, moda vintage e peças criadas com plástico. Todos os estilistas que veremos foram capazes de responder à questão 'como consumimos?'", contou Tiffany Rowe, assessora de comunicação da ONG organizadora do evento, NiceFuture.
As modelos desfilaram com roupas que deixaram claro que a moda ética pode ser bonita, contemporânea e seguir as tendências mais inovadoras.
O primeiro desfile da noite apresentou ao público a moda ecológica da rua, uma coleção prêt-à-porter composta por peças responsáveis com o meio ambiente, que podem ser compradas em butiques da Suíça.
A brasileira Melissa exibiu modelos de calçados feitos a partir de plástico já utilizado, desenhados para facilitar a reciclagem.
Uma das marcas mais criativas do evento foi a inglesa Terra Plana, que fabrica sapatos a partir de materiais recicláveis e outros que já foram reciclados, como paraquedas, pneus de bicicleta e bancos de carros.
Também se destacaram a HempAge e Valentine Gauthier, que confeccionam suas roupas no mesmo local onde são colhidas as fibras de seus tecidos; e a Les Fées de Bengale, que só trabalha com confecções que respeitam os direitos humanos e as normas trabalhistas internacionais.
Desfilaram também a peruana Misericordia, com roupas elaboradas seguindo o lema "Mãos, espírito e coração", e a francesa Sam'o Maya, feita em parceria com populações da Cordilheira dos Andes.
A marca alemã Armedangels, por sua vez, mostrou espírito solidário ao exibir roupas cujos lucros são destinados a obras de caridade.
Já a Kelly Lane, que colabora com um pequeno negócio familiar em Nova York, demonstrou que é possível diminuir o impacto ambiental da elaboração de roupas aproveitando retalhos de tecidos de confecções.
A butique "Les Fripeuses" surpreendeu no segundo desfile da noite com uma nova coleção vintage batizada "Belles de l'Ouest" (Belas do Oeste), surpreendentemente inovadora com peças clássicas revisitadas, feitas à mão e com detalhes chamativos, tornando-se peças únicas.
Estilistas de várias partes do mundo exibiram propostas para a temporada primavera-verão 2013 no último desfile do evento, com coleções inovadoras, cheias de cores e tecidos ousados - embora nem todos fossem facilmente usáveis.
A marca Lexanto, do estilista francês Alexandre Gbeblewoo, apostou na coleção "100% Plastik" composta por peças únicas feitas de plástico totalmente reciclado.
Garrafas, lonas e sacos de lixo, entre outros objetos, se transformaram em novos tecidos e roupas que vestiram modelos transformadas em embaixatrizes da reciclagem.
"Todos os vestidos foram feitos com plástico reutilizado, alguns leves e muito fluidos, embora algumas vezes também trabalhemos com plásticos rígidos, de garrafas, por exemplo", afirmou à Agência Efe Alexandre Gbeblewoo.
A marca Kondadis, com sede no Quênia, inovou com náilon de paraquedas reciclados, sedas naturais e madeira tingidos de forma orgânica com chá, café, henna e temperos.
A estilista francesa Valérie Pache também lançou mão do tecido de paraquedas, mas o usou de forma surpreendente em vestidos de casamento únicos.
No mesmo nicho, um exclusivo vestido de noiva da CréAnne foi apresentado com materiais totalmente reciclados que representavam a união sagrada entre o mundo da moda e o desenvolvimento sustentável.
Ao longo da noite foram exibidos acessórios e joias ecologicamente corretos como os da Tropic Concept, produzidos com capim dourado, planta natural de Jalapão (TO), tecido por artesãs brasileiras que são beneficiadas com as vendas. EFE
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