Washington, 19 fev (EFE).- Um grupo de interventores criado pelo estado de Michigan recomendou nesta terça-feira a declaração de "emergência financeira" em Detroit, capital da indústria automobilística americana, por não ver saída para crise econômica.
As conclusões apresentadas nesta tarde ao governador de Michigan, Rick Snyder, põem a cidade a um passo de uma intervenção para reestruturar uma falta de liquidez que superará os US$ 100 milhões no final de junho se não forem executados grandes cortes.
O encarregado de apresentar as conclusões, o tesoureiro do estado, Andy Dillon, disse que desde 2005 a cidade esteve sistematicamente mascarando seus déficits com empréstimos de longo prazo, e enfrenta mais de US$ 14 bilhões em compensação de obrigações nos próximos anos.
O prefeito de Detroit, Dave Bing, afirmou ao jornal "Detroit News" que as conclusões apresentadas hoje não são uma surpresa e que, se for nomeado um gerente estatal, seguirão trabalhando para que os cidadãos tenham acesso aos serviços públicos.
A nefasta situação financeira da cidade é uma manifestação do despovoamento sofrido por esta cidade industrial, que está imersa há décadas em uma crise permanente.
A queda da competitividade da manufatura americana levou a população de Detroit a cair 25% de 2000 a 2010, até os 713 mil habitantes, abaixo da base de 750 mil de contribuintes com as quais se realizavam projeções de receita.
Detroit perdeu cerca de 60% de sua população desde a década de 1950, quando contava com mais de 1,8 milhões de moradores.
Além disso, se viu afetada pelas contínuas crises da indústria do motor, que recebeu um golpe quase fatal em 2009 com as quebras da General Motors e da Chrysler, durante uma crise que também afetou a Ford e a toda a indústria auxiliar.
Nos anos 1990, a Prefeitura de Detroit conseguiu melhorar suas contas com a chegada de cassinos, desenvolvimento imobiliário e novos estádios de futebol americano e beisebol.
No entanto, durante a gestão entre 2002 e 2008 do prefeito Kwame Kilpatrick, infestada de acusações de corrupção e escândalos que o levaram à prisão, Detroit se aproximou ainda mais da moratória. EFE