Brasília, 5 set (EFE).- Dois dirigentes do Banco Rural na época do "Mensalão" foram condenados nesta quarta-feira por fraudes no banco que, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), alimentou a rede de corrupção denunciada em 2005.
De acordo com seis dos dez magistrados do STF, os antigos diretores do banco, Kátia Rabello e José Roberto Salgado são responsáveis pela "gestão fraudulenta", crime para o qual a Lei prevê uma pena de três a 12 anos de prisão.
Kátia e Salgado se unem assim ao ex-presidente da Câmara dos Deputados e atual deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ao publicitário Marcos Valério Fernandes e seus sócios Ramón Hollerbach e Cristiano Paz, e ao ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, culpados por outros crimes de corrupção.
Segundo a acusação, o esquema se valia de agências de publicidade vinculadas ao PT, que as beneficiava em licitações públicas, mas que na realidade não prestavam seus serviços: recebiam o dinheiro e o depositavam no Banco Rural.
Depois, o banco privado concedia créditos ao partido sem considerar as devidas garantias legais nem os critérios técnicos necessários.
Por essas irregularidades também estão sendo processados a ex-vice-presidente do Banco Rural Ayanna Tenório e Vinícius Samarane, outro dos antigos diretores da entidade.
Com os votos declarados hoje, Samarane já foi considerado culpado por cinco juízes e, Ayanna, somente pelo relator, Joaquim Barbosa.
Faltando quatro votos, que serão proferidos a partir de amanhã, a situação é muito delicada para Samarane, pois basta uma maioria simples contra ele para que se some aos réus já condenados.
Todos os juízes, até agora, concordaram que a fraude está comprovada e o ministro Luiz Fux foi contundente hoje ao afirmar que os empréstimos dados ao PT pelo Banco Rural eram "simulacros de créditos", frutos "não de uma gestão fraudulenta, mas de uma gestão tenebrosa".
O processo foi separado em capítulos ("fatiado") e, uma vez concluído o referido ao Banco Rural, o STF seguirá com o chamado "núcleo político" do caso, que tem como principal acusado o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
As sentenças correspondentes aos que forem declarados culpados serão ditadas assim que o julgamento for totalmente encerrado, o que o STF prevê que ocorrerá no fim deste mês. EFE