Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar interrompeu uma série de seis altas consecutivas e caiu ao patamar de 2,32 reais nesta terça-feira, com menos temores de uma alta antecipada dos juros nos Estados Unidos e apostas de que a presidente Dilma Rousseff (PT) perderá terreno na próxima pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial.
O volume de negócios foi reduzido, de apenas 800 milhões de dólares segundo a BM&F, pois muitos investidores se mantiveram em compasso de espera antes da divulgação da pesquisa do Ibope nesta noite. A especulação era de que Marina Silva (PSB), preferida a Dilma pelos investidores, voltaria a crescer nas intenções de voto.
A moeda norte-americana fechou em queda de 0,65 por cento, a 2,3286 reais na venda, após um vídeo publicado no site do The Wall Street Journal sugerir que o Federal Reserve, banco central dos EUA, manterá a linguagem sobre a taxa de juros próxima de zero no comunicado que emitirá na quarta-feira, ao fim de sua reunião de política monetária.
"O The Wall Street Journal abriu espaço para um grande alívio nos mercados depois de uma semana de preocupações em relação a essa reunião do Fed", afirmou o estrategista sênior de câmbio para mercados emergentes do Scotiabank, Eduardo Suarez.
Investidores vinham se preparando para possíveis indicações de que os juros norte-americanos poderiam subir mais cedo que o esperado, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em outros países.
Pesquisas eleitorais que mostravam uma recuperação de Dilma nos últimos dias também haviam contribuído para a alta recente do dólar.
Nas duas últimas sessões, a moeda norte-americana chegou a ultrapassar o patamar de 2,35 reais, alimentando expectativas de que o Banco Central intensifique suas atuações no câmbio para evitar impactos inflacionários. Nas últimas seis sessões, a moeda norte-americana avançou 4,66 por cento sobre o real.
"Todo mundo acha que se (o dólar) firmar acima de 2,35 reais, o BC entra. Mas também não tem muito espaço para cair, por causa do Fed e das eleições", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.
Na sexta-feira, uma importante fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que o BC poderá aumentar a rolagem de swaps cambiais com o objetivo de reduzir a volatilidade do mercado, mas que os leilões com as rações diárias não mudam neste ano.
Por enquanto, o BC não mudou seu ritmo, vendendo a oferta de até 6 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em outubro. Até agora, o BC rolou cerca de 31 por cento do lote total, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares.
Pela manhã, o BC também vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a 197,9 milhões de dólares. Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 1º de setembro de 2015.