Frankfurt (Alemanha), 6 set (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, anunciou nesta quinta-feira que a instituição comprará dívida soberana no mercado secundário com vencimento entre um e três anos.
Em entrevista coletiva após o Conselho do BCE, Draghi informou ainda que houve um voto contrário ao novo programa de compra de dívida dos países da zona do euro com problemas. O presidente, no entanto, não revelou qual membro se posicionou contra a medida.
O Bundesbank alemão já tinha se colocado abertamente contra um programa de compra de bônus soberanos por parte do Banco Central Europeu.
Draghi ressaltou que a instituição condiciona a compra de dívida soberana aos programas de ajuste macroeconômico completo ou preventivo (menos severo) dos fundos de resgate temporário e permanente, e que se buscará a colaboração do Fundo Monetário Internacional (FMI) na hora da supervisão.
O economista italiano explicou que uma condição necessária para que o BCE atue no mercado de dívida secundário é que os governos aceitem as "condições estritas e efetivas" que vem associadas ao programa dos fundos europeus de resgate, seja o Fundo Europeu de Estabilidade (FEEF) ou o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que atuariam no mercado primário.
O programa também poderia ser aplicado em países que estão atualmente sob um plano de resgate (Grécia, Irlanda e Portugal) quando estes recuperarem acesso aos mercados de bônus, explicou Draghi.
O BCE avaliará até que ponto se justifica uma intervenção e terá a capacidade de decidir com "plena discrição" o início do programa de compra de bônus, sua continuação e inclusive sua suspensão se o país beneficiado não cumprir as condições exigidas.
Draghi justificou a decisão do Conselho ao lembrar que há algumas semanas afirmou em Londres que a instituição monetária "fará tudo o que tiver que fazer dentro de seu mandato para preservar o euro" e que a moeda única é "irreversível".
Os medos "infundados" sobre o futuro do euro e a situação gerada por isso permite ao BCE atuar "dentro de nosso mandato", disse Draghi. EFE