SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras passaram a projetar que o Banco Central irá manter o ritmo de aperto monetário na primeira reunião de 2015, sem alterarem a perspectiva para a Selic no final do próximo ano.
Ao mesmo tempo, eles não fizeram alterações nas estimativas para a inflação, mas elevaram a projeção para a taxa de câmbio, após o Banco Central ter projetado que os preços continuarão em alta e indicado que o ciclo de aperto monetário pode não ser tão forte.
Pesquisa Focus, realizada pelo BC junto a instituições financeiras e divulgada nesta segunda-feira, mostrou que os especialistas consultados passaram a ver alta de 0,5 ponto percentual na Selic em janeiro, seguida por outra de 0,25 ponto em março, de modo a atingir os 12,50 por cento que preveem como sendo a taxa no final do ano.
Na semana anterior a expectativa era de três altas seguidas de 0,25 ponto percentual.
Com isso a expectativa é de manutenção do ritmo inicialmente para desacelerar somente na segunda reunião de 2015, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) apressou o passo e elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual no início deste mês, a 11,75 por cento.
Na ata dessa reunião, o BC disse que vê a inflação brasileira subindo no curto prazo e seguindo em alta em 2015. Mas destacou que ainda no próximo ano ela inicia um "longo período de declínio".
Ainda assim o Focus mostrou que a projeção para o IPCA em 2015 permaneceu em alta de 6,50 por cento. Para este ano o índice oficial também não sofreu alteração, projetado em 6,38 por cento.
Assim, para 2014 a projeção permanece dentro da meta --de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos, enquanto para 2015 fica exatamente no limite do objetivo. Na sexta-feira o IBGE divulga os números de dezembro do IPCA-15, prévia da inflação oficial.
Sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, a expectativa dos economistas caiu pela quarta vez seguida, em 0,02 ponto percentual, a 0,16 por cento. Para 2015 a estimativa é de expansão de 0,69 por cento, 0,04 ponto percentual a menos, terceira queda seguida.
O BC divulgou nesta manhã que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,26 por cento em outubro na comparação com setembro, num resultado inesperado, após alta de 0,26 por cento em setembro.
Já a projeção para a balança comercial em 2014 no Focus passou para um déficit de 1,60 bilhão de dólares, contra zero na semana anterior. Se confirmado, será o primeiro saldo anual negativo desde 2000.
Por sua vez a perspectiva para o dólar subiu tanto para este ano quanto para o próximo, respectivamente a 2,60 e 2,72 reais, contra 2,55 e 2,70 reais.
(Por Camila Moreira)