Idrissa Diakité.
Bamaco, 24 nov (EFE).- O primeiro turno das eleições legislativas do Mali aconteceu neste domingo sem graves incidentes e sem despertar entusiasmo entre os seis milhões e meio de malineses convocados às urnas.
O pleito em que 1.100 candidatos de 50 partidos e independentes concorrem por 147 cadeiras do futuro parlamento aconteceu apenas três meses depois das históricas eleições presidenciais, que significaram o retorno da ordem constitucional após o golpe de estado em março de 2012.
O principal temor das autoridades era garantir a segurança do processo, especialmente nas regiões do norte, ocupadas entre junho de 2012 e janeiro deste ano por grupos jihadistas e cenário de várias ações violentas nos últimos meses.
A missão da ONU para a estabilização do Mali (Minusma) enviou um dispositivo de segurança para apoiar as forças malinesas,dando uma maior atenção nas cidade de Gao, Timbuktu e Kidal, com o objetivo de evitar ataques e permitir a população exercer seu direito ao voto.
Fontes de várias localidades disseram a Agência Efe que o período de votação transcorreu sem incidentes graves, exceto em Bayakari, na região de Timbuktu, onde homens armados roubaram uma urna.
Uma fonte da Prefeitura da cidade confirmou a Efe que os atacantes, cuja identidade ainda é desconhecida, ameaçaram vários eleitores antes de fugir.
Em Takubao, também em Timbuktu, vários indivíduos levaram as cédulas eleitorais, indicaram fontes locais, desta vez sem violência física.
Além das questões de segurança, que foram rapidamente resolvidas pelas autoridades com o apoio da Minusma e das forças francesas presentes no país desde janeiro, outra questão que também preocupa é a participação dos cidadãos.
Em vários colégios eleitorais de Bamaco, e em todo o país, constatou a Efe, a participação até o meio da tarde foi tímida e o entusiasmo se transformou no grande ausente.
Alguns candidatos da capital tentaram compensar esta pouca afluência oferecendo ônibus aos seus seguidores para transportá-los até os colégios eleitorais, que fecharam as portas às 18h (local, o mesmo em Brasília).
"Os malineses falam de mudança, mas se negam a atuar para mudar as coisas. Hoje foi necessário transportar alguns eleitores de suas casas até os colégios para que votassem", criticou Amado Traoré, membro de um partido político.
"Considero que isto é algo grave em um país que deseja ter estabilidade e desenvolvimento", concluiu, indignado.
Nas históricas eleições presidenciais realizadas há três meses, que marcaram o retorno a ordem constitucional após um período de transição depois do golpe de estado de março de 2012, o índice de participação ficou levemente acima dos 50% .
O vencedor e atual chefe de Estado, Ibrahim Boubacar Keita, reforçou, minutos após introduzir sua cédula na urna, que votar é um dever para todos os malineses.
O Centro de Observação Eleitoral Cidadã, uma organização nacional que dispõe de uma rede de 3.700 observadores locais e 200 supervisores em diferentes regiões do país, lamentou a "tímida" afluência registrada por seu pessoal em comunicado divulgado esta tarde.
Mas elogiou o bom desenvolvimento das operações de voto, assim como a logística e a ampla rede de observadores.
A apuração dos votos começou imediatamente depois do fechamento dos colégios. As autoridades ainda não fixaram uma data para o anúncio dos primeiros resultados. EFE