SÃO PAULO (Reuters) - O leilão agendado para 30 de agosto no qual a Eletrobras (SA:ELET3) pretende privatizar quatro distribuidoras de energia pode acabar com a oferta de apenas três empresas, uma vez que a venda da unidade da estatal no Amazonas ainda enfrenta pendências, disse a jornalistas nesta quinta-feira o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr.
O executivo afirmou que para viabilizar a empresa no leilão seria necessário obter até a próxima semana aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para uma cisão dos ativos de geração e transmissão da Amazonas Energia de suas atividades de distribuição, uma operação conhecida como desverticalização.
O assunto chegou a constar da pauta da reunião de diretoria da Aneel nesta semana, mas acabou não sendo discutido.
Eventualmente, segundo Ferreira, o tema poderá ser analisado pela agência na próxima semana, a tempo do leilão. Ele admitiu, no entanto, que a aprovação do regulador depende de um acordo prévio da Amazonas Energia com a Cigás, estatal do Amazonas que tem um contrato de gás junto à empresa.
"Teríamos no limite um leilão com quatro distribuidoras, podendo ser três, se esse tema não for resolvido", disse Ferreira a jornalistas após uma reunião com investidores para comentar os resultados da estatal.
A Eletrobras pretende vender suas distribuidoras que operam no Acre, Alagoas, Amazonas, Roraima e Rondônia, enquanto a negociação da Ceal, do Alagoas, está vetada por ora devido a uma decisão liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF) após ação movida pelo governo alagoano.
Segundo Ferreira, a Eletrobras quer realizar a venda da Ceal ainda neste ano, de preferência até setembro, para viabilizar a transferência do controle ainda em 2018, mas é difícil ter projeções sobre um prazo porque a estatal não faz parte da ação judicial sobre a empresa --uma briga entre a União e o governo de Alagoas.
"Nós não somos parte disso, estamos certamente na torcida para que isso seja de fato resolvido", afirmou.
INTERESSE
Segundo o presidente da Eletrobras, a expectativa hoje é de que será possível realizar o leilão das distribuidoras com sucesso mesmo sem a aprovação prévia de um projeto sobre as empresas que está em tramitação no Senado.
Especialistas dizem que a aprovação da matéria seria importante para atrair investidores para as elétricas, mas Ferreira avalia que o projeto é crucial mais para a própria Eletrobras do que para os eventuais compradores das distribuidoras.
Ele explicou que o texto soluciona passivos das distribuidoras junto a fundos do setor elétrico, mas lembrou que a Eletrobras já decidiu assumir essas obrigações e dívidas para viabilizar a privatização das subsidiárias, que são fortemente deficitárias.
Ferreira afirmou que o projeto reduziria incertezas e riscos apenas para o eventual comprador da distribuidora do Amazonas, mas que mesmo essa empresa poderia ser eventualmente adquirida por algum investidor que aposte numa aprovação futura da matéria.
Ele disse ainda, sem detalhar, que há um movimento "forte" de investidores interessados pelas empresas na sala de informações virtuais aberta pela Eletrobras sobre a privatização.
"O movimento continua forte, tem muita manifestação de interesse, perguntas, discussão", disse.
(Por Luciano Costa)