Investing.com - A recuperação das expectativas da retomada da economia brasileira ganhou novo fôlego nesta semana com a decisão do Copom de reduzir as taxas de juros do país em 0,25 p.p, para 14% ao ano. Essa foi o primeiro corte na Selic desde o final de 2012 e marca o início de um novo ciclo de estímulos à economia com a diminuição do custo de empréstimos.
O mercado financeiro aposta em uma redução ainda mais expressiva da taxa, da ordem de 0,5 p.p, para a reunião de novembro, seguida de outros cortes nos encontros seguintes, o que levaria a Selic para o patamar de 11% no final de 2017.
A decisão do Copom anunciada quarta-feira à noite pode ser recebida como um ato de confiança da nova diretoria comandada por Ilan Goldfajn na capacidade de o governo Temer entregar o ajuste fiscal, essencial para domar a inflação que superou os dois dígitos neste ano. A PEC 241 que impõe um teto de gastos deverá ser votada em segundo turno na Câmara no início da próxima semana e a previsão do governo é concluir a tramitação no Senado no dia 13 de dezembro. Já a proposta da reforma da Previdência segue em estudo no governo e ainda não foi apresentada publicamente.
O mercado recebeu positivamente o sinal do início do ciclo de redução da Selic, apesar de ter frustrado os que apostavam em um corte da ordem de 0,5 p.p.
A redução do custo de empréstimos poderá trazer para a economia real a melhoria das expectativas já medidas nos índices de confiança dos empresários. A confiança está em tendência de alta nos últimos meses com a percepção de solução da crise política que tomou conta do cenário nacional desde a reeleição de Dilma Rousseff e o antagonismo com o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
A materialização da confiança na economia deveria ser o próximo na recuperação econômica do país. No último mês, os indicadores mostraram que o fundo do poço que esperava que já tivesse sido atingido no segundo trimestre deverá se arrastar pelo terceiro e, até mesmo, quarto trimestre, adiando a recuperação para 2017.
Em agosto, o setor de serviços registrou seu pior resultado para o mês da série histórica com queda de 1,6% no volume de negócio frente a julho e 3,9% ante igual período do ano passado. As vendas do varejo recuaram 0,6% na base de comparação mensal e 5,5% frente a 2015. O 'Atividade econômica do Brasil recua 0,91% em agosto, pior que o esperado, mostra BC.
Em outro importante evento da semana, a Lava Jato prendeu Eduardo Cunha, que contratou um advogado com experiência na negociação de delações na operação. O movimento do ex-deputado traz incertezas sobre o impacto que seus depoimentos poderiam ter na governabilidade do governo Michel Temer, o que poderia atrapalhar a aprovação das medidas econômicas.
Bancos Centrais
A semana também foi marcada por declarações dos principais bancos centrais do mundo, iniciada com o forte posicionamento do presidente do Fed de Nova York William Dudley de que os juros nos EUA deverão subir ainda este ano. O dólar disparou e atingiu máximas de oito meses frente a uma cesta de moedas Índice Dólar.
Na Europa, o presidente do BCE, Mario Draghi, não foi direto ao afirmar que o programa mensal de 80 bilhões de euros será encerrado em março e disse que a retirada dos estímulos seria gradual. A expectativa é de que o banco estenda sua política até o final de 2017.
O Banco do Japão deverá demorar mais tempo para atingir sua meta de inflação, segundo informou o presidente Haruhiko Kuroda.
Mercado
Bovespa. A bolsa fechou a semana com ganhos de 4%, acima dos 64 mil pontos pela primeira vez desde março de 2012., impulsionada pelas blue chips Vale, Petrobras, siderúrgicas e bancos.
Dólar. A moeda registrou caminho inverso no Brasil e recuou 1,5% na semana, chegando a tocar a casa dos R$ 3,13 com a pressão provocada pela entrada de dólares para pagar impostos e multa do programa de repatriação.
Petrobras (SA:PETR4). A petroleira disparou 10% com a maré de confiança combinada com a alta do petróleo que, desde o início do mês, fizeram o papel subir 30%. A ação superou os R$ 18 no intraday desta sexta-feira após a Moody’s melhorar a classificação do papel. Na semana, a ANP anunciou recorde de produção nacional de petróleo e gás e a companhia informou a venda da refinaria do Japão para a Taiyo Oil.
Vale (SA:VALE5). A mineradora foi um dos principais destaques da semana do Ibovespa ao acumular alta de 13% com o resultado operacional que mostrou aumento na extração de minério no terceiro trimestre. A previsão para 2017, contudo, caiu, mas com a promessa de foco nos ativos mais rentáveis. A produção de níquel cedeu no mesmo período. O noticiário negativo pesou com a denúncia de 21 pessoas pelos homicídios provocados com o rompimento da barragem da Samarco.
Siderurgia. O noticiário indicando o reajuste de 5% nos preços do aço no mercado interno ajudaram a alta das ações do setor. Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) subiu 16% na semana, seguida por 12% da Gerdau (SA:GGBR4) e da Usiminas (SA:USIM5). A CSN (SA:CSNA3) subiu apenas 1% em meio aos receios dos investidores em relação à sua capacidade de pagar as dívidas.
Cemig (SA:CMIG4). A companhia anunciou que a subsidiária Taesa definiu em R$ 19,65 o preço da oferta secundária de ações.
Localiza (SA:RENT3). A empresa devolveu os lucros da semana ao cair 4% na sexta-feira após divulgação dos resultados trimestrais.
Gafisa (SA:GFSA3). O IPO da Tenda deverá ocorrer ainda neste ano, segundo comunicado da empresa.
MRV (SA:MRVE3). A construtora registrou vendas maiores no terceiro trimestre e reduziu em 25% os distratos.
Gol. A demanda de voos doméstico subiu em setembro pela primeira vez em mais de um ano.
Commodities
Petróleo. O barril do petróleo alcançou os maiores patamares em 15 meses e emplacou a quinta semana consecutiva de alta. O otimismo foi provocado por uma surpreendente queda nos estoques dos EUA e com declarações a favor do acordo da Opep, além da revisão para cima dos preços médios de 2017 pela agência internacional de energia.
Aço. A produção do Brasil registrou a primeira alta anual desde junho de 2015.
Açúcar. A Unica projeta redução na moagem de cana-de-açúcar da próxima safra.
Café. A cotação do robusta superou a do arábica pela primeira vez no Brasil segundo informou o Cepea.
Energia. O preço da energia elétrica de curto prazo recua 14% para a próxima semana.
Indicadores
Inflação. O IPCA-15 cedeu ainda mais em outubro e ficou em 0,19%. IGP-M recuou para 0,16%, enquanto o IPC-Fipe avançou 0,02%. IGP-10 desacelerou para 0,12% e o IPC-S foi a 0,14%.
BNDES. O desembolso do banco de desenvolvimento deverá cair em 2016 para o menor patamar em oito anos.
PIB da China. A segunda maior economia do mundo cresceu 6,7% no terceiro trimestre. O iuan foi desvalorizado pelo governo para o menor patamar em seis anos em meio à queda de 10% nas exportações.