Santiago do Chile, 27 ago (EFE).- Os estudantes chilenos reforçaram nesta terça-feira a queda-de-braço que mantêm contra o governo para reformar o sistema educacional com uma grande e festiva manifestação pelas ruas de Santiago com menos incidentes violentos que nos últimos protestos.
Os líderes estudantis cifraram em 150 mil os presentes à manifestação, enquanto a Prefeitura de Santiago e as autoridades policiais calcularam que houve cerca de 50 mil pessoas.
"A marcha foi significativa pelo número das pessoas que se mobilizaram e porque se desenvolveu sem maiores alterações da ordem pública", destacou o porta-voz do governo, Andrés Chadwick, no Palácio de La Moneda, sede da presidência chilena.
A jornada de mobilização foi convocada pelos estudantes universitários e de ensino médio, que contaram com o apoio de professores, organizações sociais e sindicatos.
Os jovens mantêm desde meados do ano passado suas reivindicações para erradicar o modelo educativo imposto em 1981 e conseguir uma educação pública gratuita e de qualidade.
A manifestação percorreu o centro de Santiago em um clima lúdico, com cartazes coloridos e muita música e dança.
Ao término da passeata, grupos isolados de encapuzados lançaram pedras e paus na polícia, que havia organizado um amplo dispositivo para resguardar a ordem nas ruas.
Os policiais militares chilenos repeliram os ataques com jatos de água, que acabaram também dispersando muitos manifestantes que se encontravam pacificamente nas ruas.
Fontes policiais consultadas pela Agência Efe indicaram que ainda não há um número oficial de detidos nos confrontos.
O porta-voz do governo disse que o ocorrido desta terça-feira demonstra que se as autoridades contam com a ajuda dos dirigentes dos estudantes para evitar os incidentes "é possível fazer uma mobilização tranquila".
"Esperemos que nas próximas horas continue o mesmo ambiente e a passeata termine sem distúrbios, sem violência, sem encapuzados", acrescentou Chadwick.
Houve também manifestações em outras cidades do país, como Concepción, Temuco, Punta Arenas, Valparaíso, Viña del Mar e Antofagasta.
A vice-presidente da Federação de Estudantes do Chile, Camila Vallejo, assegurou que esta jornada de mobilização mostra a vigência das exigências estudantis e seu poder de convocação.
"Hoje há uma maioria do povo que está lutando por um objetivo em comum, que é recuperar nosso direito à educação publica, gratuita e de qualidade para todos os chilenos", disse Vallejo à imprensa local.
A manifestação desta terça-feira foi o desfecho de um agitado mês de agosto no qual as ações de protesto dos estudantes chilenos se intensificaram.
Os alunos de ensino médio estiveram especialmente ativos nas últimas semanas com a ocupação de vários liceus na capital para exigir que o Estado se encarregue da administração dos centros, que atualmente estão nas mãos das Prefeituras.
Em nível universitário os estudantes buscam o fim do lucro existente em muitos centros privados e um rebaixamento dos altos custos das carreiras, que devem solver com créditos do sistema financeiro.
O governo respondeu até agora com ofertas de créditos mais baratos, mais bolsas de estudos e a reforma tributária que se debate no Congresso, mas se nega a fazer as mudanças estruturais do sistema exigidas pelos estudantes. EFE
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