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EXCLUSIVO-China receberá maior parte da entrega recorde de açúcar na ICE em outubro, dizem traders

Publicado 05.10.2023, 16:09
Atualizado 05.10.2023, 16:11
© Reuters. Navios e armazéns de açúcar e grãos no Porto de Santos, Brasil. REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo

Por Marcelo Teixeira

NOVA YORK (Reuters) - A maior parte da entrega física recorde de açúcar por traders de commodities no vencimento do contrato futuro de outubro na ICE na semana passada irá para a China, de acordo com dois traders com conhecimento dos negócios.

A Wilmar Internacional -- trading de alimentos com sede em Cingapura que construiu uma grande posição comprada e decidiu assumir quase toda a entrega recorde de 2,87 milhões de toneladas -- fechou acordos para vender entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas para a China, disseram.

Segundo os traders, que trabalham para dois dos maiores players do comércio global de açúcar, a Wilmar também fechou acordos para enviar parte do açúcar para a Indonésia, Egito e Índia.

A Wilmar não respondeu a um pedido de comentário da Reuters.

A entrega física de açúcar no vencimento do contrato de outubro na semana passada foi a maior para qualquer contrato, em qualquer ano, desde que os contratos futuros de açúcar bruto começaram a ser negociados em Nova York -- a referência mundial de preços para o adoçante -- em 1914.

Todas as 2,87 milhões de toneladas de açúcar são de origem brasileira e serão embarcadas nos portos brasileiros entre o início de outubro e 15 de dezembro. O tamanho da entrega é suficiente para abastecer cerca de 45 navios do tamanho Panamax.

“Achamos que a Wilmar já vendeu a maior parte, ou mesmo a totalidade, desse volume”, disse o primeiro trader.

"E a China comprou cerca de 1,2 a 1,5 milhão de toneladas."

O segundo trader estimou as vendas da Wilmar para a China em cerca de 1 milhão de toneladas.

“Eles venderam um pouco mais barato pra conseguir uma venda grande”, disse ele, indicando que o trader baseado em Cingapura terá lucro devido ao grande volume.

As novas compras chinesas ocorrem dias depois de o país ter decidido retomar as vendas das suas reservas de açúcar -- a primeira vez que o faz desde 2016 --, uma vez que os estoques internos estavam baixos, e os preços, elevados.

Traders e analistas disseram que uma combinação de vários fatores levou à grande entrega, incluindo a safra recorde brasileira, taxas de juros elevadas e o prêmio reduzido entre os contratos de outubro e março na ICE.

“Com as taxas de juro atuais, transportar açúcar hoje em dia custa muito dinheiro”, disse o segundo trader, referindo-se aos custos de armazenamento e cobertura.

LOGÍSTICA

Será uma operação logística desafiadora para a Wilmar e os entregadores, disseram os comerciantes, já que a estação chuvosa está começando no país sul-americano e isso pode atrasar o carregamento.

Um total de seis traders de commodities decidiram entregar o açúcar, incluindo COFCO, Louis Dreyfus Co., Sucden e Viterra.

De acordo com as regras da ICE, os entregadores têm que levar o açúcar até os portos e o destinatário precisa nomear o navio.

© Reuters. Navios e armazéns de açúcar e grãos no Porto de Santos, Brasil. REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo

A segunda fonte disse que a Wilmar nomeou os primeiros seis navios esta semana. A maior parte do carregamento ocorrerá nos portos de Santos e Paranaguá.

“Essa entrega massiva criará filas enormes com grandes tempos de espera entre outubro e novembro, quando os navios açucareiros ainda competem com as exportações de grãos e também estão expostos a eventuais atrasos relacionados à estação chuvosa”, disse o analista de açúcar Claudiu Covrig.

(Reportagem de Marcelo Teixeira)

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