Por Alexandre Caverni
SÃO PAULO (Reuters) - O maremoto causado pela entrada de Marina Silva na corrida presidencial deste ano continua a causar estragos nos adversários e agora a candidata do PSB já aparece empatada em primeiro lugar com Dilma Rousseff (PT), derrotando com folga a presidente numa segunda rodada, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira.
Dilma e Marina têm 34 por cento das intenções de voto cada no primeiro turno, mais do que o dobro de votos do terceiro colocado, Aécio Neves (PSDB), que aparece com 15 por cento. Num segundo turno, a candidata do PSB venceria com 50 por cento dos votos, contra 40 por cento de Dilma. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.
Pesquisa Datafolha divulgada dia 18 mostrava Dilma com 36 por cento, seguida por Marina com 21 por cento e Aécio com 20 por cento. Num segundo turno, Marina e Dilma estavam no limite do empate técnico, com a candidata do PSB à frente numericamente: 47 a 43 por cento.
Uma observação ligeira dos números sugere que Marina "rouba" votos de todos os candidatos e segue atraindo os indecisos.
Os demais candidatos agora somam 3 por cento das intenções de voto, contra 5 por cento na pesquisa anterior; os indecisos passaram a 7 por cento, ante 9 por cento; os que planejavam anular ou votar em branco foram para 7 por cento, antes eram 8 por cento.
Marina tem se beneficiado do fato de personificar melhor que qualquer outro candidato o desejo de mudança da população, expresso nas pesquisas eleitorais, e pela comoção causada pela trágica morte do ex-candidato do PSB Eduardo Campos, de quem era vice na chapa.
Além disso, ela tem um forte recall da última eleição, quando conseguiu quase 20 milhões de votos disputando a Presidência pelo PV.
Por conta do processo de substituição de Campos e por circunstâncias específicas, como a entrevista no Jornal Nacional na noite de quarta-feira, Marina tem se beneficiado de uma forte exposição na mídia, que tem compensado com folga seu pouco tempo na propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na TV.
As campanhas de Dilma e Aécio, que inicialmente evitavam atacar a candidata do PSB, já passaram a adotar outra estratégia. Aécio, por exemplo, tem batido na tecla de que ele representa a mudança com segurança em contraposição ao que chama de improviso, em alusão a Marina.
Nesta semana duas outras pesquisas mostraram Marina isolada em segundo lugar e derrotando Dilma num segundo turno. Pelo Ibope, Dilma tinha 34 por cento, Marina 29 por cento e Aécio 19 por cento. Num segundo turno, Marina vencia Dilma por 45 a 36 por cento.
O Datafolha mostrou também oscilação para baixo na avaliação do governo Dilma. Depois da recuperação mostrada na última pesquisa, quando atingiu 38 por cento, a avaliação ótima/boa passou para 35 por cento. Já a avaliação ruim/péssima passou de 23 para 26 por cento.
O Datafolha ouviu 2.874 pessoas, na quinta-feira e nesta sexta, em 178 municípios do país.