Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - A produtora de celulose Fibria afirmou que está implementando "sem dificuldades" os aumentos de preços do insumo anunciados para o início deste mês diante da boa demanda atual, e não descartou um novo aumento em breve caso o cenário se mantenha aquecido.
"Vamos focar nos aumentos anunciados para abril e monitorar a demanda, que está sendo muito boa, para ver se ela se confirma - não tem por que não se confirmar - e ver que postura adotar nos próximos meses", disse o diretor comercial da Fibria, Henri Philippe van Keer, em teleconferência com jornalistas para comentar os resultados do primeiro trimestre.
Segundo o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, o que vem surpreendendo não é tanto a demanda da Ásia, mas a da Europa. Para van Keer, a demanda positiva também foi confirmada por produtores de papel tipo tissue nos Estados Unidos.
Dados da Conselho de Produtos de Celulose e Papel (PPPC, na sigla em inglês) mostraram que as vendas globais de celulose de fibra curta, comercializada pela Fibria, subiram quase 19 por cento em março, alta de 320 mil toneladas.
Desta maneira, a companhia disse que as expectativas de queda dos preços do insumo no segundo semestre podem ser frustradas, apesar da entrada de nova capacidade de produção no mercado, proveniente do projeto Guaíba da CMPC.
A companhia disse não estar sentindo no momento nenhum impacto negativo da entrada de nova capacidade produtiva no mercado nos preços e na demanda. Mas, questionado se a Fibria pretende realizar um novo aumento de preços em maio, seguindo a concorrência, van Keer afirmou que ainda quer se dar "um tempo de reflexão" e consolidar o aumento válido a partir de abril.
"Se anunciarmos (um novo aumento), seria um aumento global", disse o executivo.
O volume total de vendas da Fibria no primeiro trimestre subiu 3 por cento ante igual período do ano passado, enquanto sua receita líquida avançou 22 por cento na base anual, a 1,997 bilhão de reais, ajudada pela elevação do preço da celulose em reais.
Castelli disse também que ainda não novidades sobre a potencial aprovação pelo Conselho de Administração da expansão da fábrica de Três Lagoas (MS), decisão muito aguardada pelo mercado. "Nossa melhor visibilidade é de que estaríamos mais próximos de maio do que de junho (para tomar uma decisão)", afirmou.
VENDA DE ENERGIA
A Fibria, que apresentou aumento no custo caixa de produção no primeiro trimestre parcialmente devido aos menores resultados com a venda de energia, disse que pretende maximizar a geração de energia neste ano e realizar vendas superiores às de 2014. A companhia gera energia no processo de produção de celulose.
O custo caixa de produção ficou em 572 reais a tonelada, 4 por cento superior ao primeiro trimestre de 2014 e 21 por cento maior ao do trimestre imediatamente anterior.
A ideia é aumentar a eficiência energética para reduzir o consumo e ter mais energia de sobra para vender. Em uma das fábricas, a Fibria disse ter visto a possibilidade de maior geração e ter ajustado os sistemas para permitir maior venda de energia.
"Isso deve ajudar a compensar um pouco a queda do teto do preço de energia no mercado de curto prazo", disse Castelli.
A respeito da possibilidade de a Fibria submeter eventuais pedidos de liberação de plantio comercial de eucaliptos transgênicos, passo tomado pela rival Suzano, que obteve autorização neste mês, Castelli disse não haver "pressa nenhuma".
"Somos favoráveis (ao eucalipto transgênico), mas a nossa abordagem é construir um maior diálogo na questão da biossegurança", afirmou o executivo.