SÃO PAULO (Reuters) - A Fibria está vendo com otimismo o cenário de preços e demanda por celulose nos mercados internacionais, afirmaram executivos da companhia nesta quinta-feira, um dia depois da empresa divulgar resultado do quarto trimestre de 2014 acima do esperado.
Segundo o diretor comercial da empresa, Henri Philippe van Keer, a demanda por celulose em janeiro foi "boa" e a companhia não tem observado aumento de estoques da commodity na China, apesar do cenário de desaceleração econômica do país.
O executivo comentou ainda que a empresa conseguiu implementar neste mês um aumento de 20 dólares por tonelada no preço da celulose.
"O fundamento dos mercados continua muito bom, a demanda de janeiro foi bem em linha com nossa expectativa, que não era nada conservadora", disse Keer em teleconferência com jornalistas. A empresa divulgou na véspera alta anual de 10 por cento no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do quarto trimestre, com a margem avançando três pontos percentuais.
As ações da Fibria exibiam alta de 2 por cento às 11h47, enquanto o Ibovespa tinha recuo de 0,82 por cento. A Fibria foi a primeira companhia do setor a divulgar resultado. A rival Suzano avançava 2,15 por cento.
Segundo Keer, o programa de "quantitative easing" a ser iniciado pelo Banco Central Europeu e a possível desvalorização do euro não devem servir de estímulo para produtores europeus de celulose cortarem preços. "A notícia do quantitative easing é positiva (...) Está na hora dos produtores europeus terem lucratividade. Está na hora de eles fazerem o que não fizeram durante muitos anos", afirmou o executivo.
Sobre a possibilidade de racionamentos de água e energia no Brasil, o presidente-executivo da Fibria, Marcelo Castelli, afirmou que a empresa trabalha desde o ano passado com planos de contingência e que poderá aumentar importação de insumos altamente demandantes de energia, como a soda cáustica.
Segundo Castelli, sobre o cenário de escassez de água, a unidade produtiva mais exposta da companhia está no Estado de São Paulo, onde pode haver uma "pequena" alta de custos. "Se o racionamento (de água) for muito drástico, reduziríamos só um pouco a produção", disse Castelli.
A Fibria terminou 2014 com caixa de 778 milhões de reais e dívida líquida de 2,84 bilhões de dólares, queda de 15 por cento sobre um ano antes.
Segundo Castelli, a empresa segue mantendo postura de disciplina financeira e avaliando planos para expansão de sua fábrica em Três Lagoas (MS). A expectativa é que a Fibria não precise fazer nenhuma emissão de dívida em 2015.
(Por Alberto Alerigi Jr.)