Por Pamela Barbaglia e Anirban Sen
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - As negociações globais estão entrando em uma temporada árida, à medida que a inflação e a derrocada do mercado de ações restringem a sede de muitas empresas de crescerem por meio de aquisições.
A guerra na Ucrânia e os temores de que uma recessão econômica está se aproximando foram um golpe para a atividade de fusões e aquisições no segundo trimestre.
O valor dos negócios anunciados caiu 25,5% ano a ano, para 1 trilhão de dólares, segundo dados da Dealogic.
A atividade de fusões e aquisições nos Estados Unidos caiu 40%, para 456 bilhões de dólares no segundo trimestre, enquanto a Ásia-Pacífico caiu 10%, segundo dados da Dealogic.
A Europa foi a única região onde os negócios não desaceleraram. A atividade aumentou 6,5% no trimestre, em grande parte impulsionada por um frenesi de negócios de private equity, incluindo uma oferta pública de 58 bilhões de euros para o grupo italiano de infraestrutura Atlantia.
O volume de transações internacionais caiu 25,5% nos primeiros seis meses do ano. Uma onda tradicional de investimentos dos Estados Unidos na Europa não ocorreu após o início da guerra na Ucrânia.
O financiamento de aquisições tornou-se mais caro para as empresas, pois os bancos centrais aumentaram as taxas de juros para combater a inflação após anos de dinheiro farto colocado no mercado pelas autoridades monetárias.
"A volatilidade do mercado de ações é um grande obstáculo para as fusões e aquisições estratégicas. Quando você tem volatilidade no mercado de ações, é difícil ter conversas de valor e torna difícil usar ações como moeda", disse Damien Zoubek, co-diretor de práticas corporativas e fusões e aquisições para os EUA na Freshfields Bruckhaus Deringer.
Na Europa, quedas acentuadas no valor do euro e da libra tornaram as empresas vulneráveis a ações oportunistas de investidores de private equity.
"O deslocamento do mercado oferece uma janela de oportunidade para os fundos de private equity à medida que os valores das empresas estão caindo", disse Umberto Giacometti, co-diretor do grupo de patrocinadores financeiros EMEA da Nomura.
"Mas sem um ajuste de preço, a atividade não pode ser retomada adequadamente", disse Giacometti.
No futuro, o mercado espera que as transações internacionais entre Estados Unidos e Europa aumentem eventualmente, com base em um dólar forte e uma lacuna cada vez maior entre a avaliação de empresas norte-americanas e europeias.
Mas a cautela prevalece, pois as empresas ainda buscam romper laços com a Rússia ou limitar sua exposição à região. "Os clientes estão cada vez mais olhando para dentro e não para fora", disse Harding-Jones, do Citigroup (NYSE:C).