Por Reese Ewing
SANTOS (Reuters) - Um incêndio que começou no domingo destruiu 15 mil toneladas de açúcar em um armazém da Cosan no porto de Santos, disse a empresa nesta segunda-feira, enquanto bombeiros realizavam o rescaldo no local e investigavam o que provocou o incidente, que tem potencial para causar algum atraso nas exportações brasileiras.
O armazém X, no terminal 19, aparentava estar destruído, com o telhado caído. Um dos equipamentos para carregar açúcar nos navios, chamado de shiploader, conectado ao armazém atingido, além de uma esteira de transporte também pareciam estar inutilizados.
O armazém tinha capacidade para armazenar 18 mil toneladas do produto, segundo a Cosan, que opera em Santos por meio de sua divisão de logística, a Rumo.
A capacidade total dos armazéns da empresa no porto paulista é de 500 mil toneladas.
O volume perdido de açúcar, de 15 mil toneladas, é equivalente a um terço da capacidade de um navio dos que atracam usualmente em Santos.
A Cosan, maior produtora de açúcar do Brasil, ressaltou em nota que o terminal 16 "permanece operacional, não tendo sido atingido pelo fogo".
A empresa não informou, no entanto, o impacto do incêndio para sua capacidade de recebimento e embarque de açúcar.
O açúcar negociado na bolsa de Nova York chegou a registrar alta de 5,6 por cento no início da manhã desta segunda-feira. Por volta das 11h (horário de Brasília), a alta era de 0,8 por cento, a 16,48 centavos de dólar por libra-peso.
INCÊNDIO
A Cosan disse que cerca de 100 funcionários trabalhavam no local na tarde de domingo, quando o fogo começou.
Não houve relato de feridos no local.
Um gerente da Rumo que pediu para não ser identificado afirmou que um shiploader ficou inutilizado, enquanto outro pode ter sido danificado. A companhia tem um total de cinco shiploaders em Santos e poderia usar outros de terminais vizinhos.
"O fogo foi contido. Há ainda alguns focos pequenos, mas nós esperamos estar com tudo limpo até a tarde de hoje", disse à Reuters o capitão Marcelo Medeiros, do Corpo de Bombeiros, no local do incêndio.
Ao longo da manhã, funcionários da Rumo eram vistos jogando água dentro do armazém X.
Em outubro do ano passado, um incêndio causou grandes estragos no terminal de exportação da Copersucar, maior comercializadora de açúcar do mundo.
O terminal da Copersucar, que ainda recebe reparos pelo incêndio de outubro, fica próximo aos armazéns da Rumo.
Até junho, a Copersucar já havia restaurado cerca de metade de sua capacidade anual de 10 milhões de toneladas de exportação via Santos, tendo conseguido realocar parte dos carregamentos para outros terminais, incluindo o da Rumo.
A Copersucar estima conseguir voltar à capacidade normal em seu terminal depois de fevereiro de 2015.
Os danos no terminal da Rumo, que pode exportar 12 milhões de toneladas anualmente, têm menor potencial de preocupar o mercado. Os estragos do incêndio podem interromper os carregamentos no curto prazo e atrasar as operações.
"O que temos de informação inicial é muito pouco, mas parece que o prejuízo para a operação de açúcar não deve ser muito grande", disse a analista Nicolle Castro, da SA Commodities, que monitora o movimento de navios de açúcar nos portos brasileiros.
"Não há congestionamento no porto. Qualquer atraso na Rumo não deve causar filas", estimou ela.
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de açúcar, está no meio da safra de cana do Centro-Sul, que deve produzir entre 32 milhões e 34 milhões de toneladas de açúcar, levemente abaixo das estimativas iniciais, devido ao impacto de uma seca no início do ano.
(Reportagem adicional de Roberto Samora e Gustavo Bonato, em São Paulo)