SYDNEY (Reuters) - O governo de coalizão da Nova Caledônia, um território francês no Pacífico, entrou em colapso após a renúncia de políticos pró-independência, que citaram persistentes problemas econômicos e as tensões relacionadas à venda de ativos de níquel, noticiou a mídia local na quarta-feira.
O arquipélago do Pacífico Sul, localizado 1.200 km a leste da Austrália, foi dominado por protestos ligados ao processo de venda da unidade local de níquel da mineradora brasileira Vale (SA:VALE3), com manifestantes afirmando que uma oferta local foi negligenciada de forma injusta.
Com uma população de cerca de 290 mil habitantes, a Nova Caledônia também enfrenta a questão da descolonização, depois de rejeitar votos de independência em duas ocasiões, em 2018 e 2020. Um terceiro referendo de independência, para separá-la da França, está previsto para o final do ano que vem.
Cinco políticos pró-independência no executivo composto por 11 membros renunciaram, noticiou a mídia local. O Congresso precisa eleger um novo governo em 15 dias.
A Nova Caledônia é a quarta maior produtora de níquel do mundo, atrás somente de Indonésia, Filipinas e Rússia. É esperado que a demanda por níquel, utilizado especialmente na fabricação de aço inoxidável, cresça rapidamente como matéria-prima para baterias de veículos elétricos.
A Vale deseja vender seu negócio de níquel na Nova Caledônia para um consórcio de compradores, que inclui a trading suíça de commodities Trafigura. Os líderes indígenas Kanak apoiam uma oferta anterior, que visava manter a propriedade sob controle majoritário do território da ilha.
Em uma carta de renúncia, os membros do governo citaram o processo de venda, questões orçamentárias e a falta de consultas sobre o próximo referendo pela independência como motivos para a decisão de deixar a coalizão.
(Reportagem de Jonathan Barrett)