Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A exatos 500 dias do início Jogos Olímpicos de 2016 nesta terça-feira, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) aposta em uma preparação iniciada antes mesmo do encerramento da Olimpíada de Londres-2012 para buscar a meta de terminar no "top 10" do quadro de medalhas da competição realizada no Rio de Janeiro.
O COB projeta uma disputa do Brasil com ao menos 12 países para ficar em 9º ou 10º no total de medalhas ganhas nos Jogos, o que seria uma performance histórica para o país caso se concretize.
"É uma data simbólica, porém muito importante. É o início da nossa reta final de preparação. Quinhentos dias para a preparação de um atleta não é muito, é pouco e passa rápido", disse à Reuters o superintendente executivo do COB, Marcus Vinícius Freire, à frente dos preparativos da delegação brasileira para o evento.
Com o maior orçamento já disponível para se preparar --700 milhões de reais no ciclo olímpico de quatro anos--, e uma delegação robusta de cerca de 450 atletas, o Brasil espera não só conseguir seu melhor desempenho numa edição dos Jogos, como também pavimentar caminho para ganhar uma visibilidade internacional inédita nos esportes olímpicos.
Para um país acostumado a contar nos dedos as medalhas conquistadas em cada edição dos Jogos, a ideia agora é dar um salto de qualidade e ampliar o número de modalidades com medalhas.
O objetivo do país é subir ao pódio em 13 esportes, de forma a alcançar ao menos 28 medalhas em 2016. Ao contrário do COI, que monta o quadro de medalhas a partir do número de ouros, a conta do COB é feita pelo total de pódios, independentemente da cor da medalha.
"Queremos no Rio ganhar medalhas em esportes que tradicionalmente ganhamos medalhas e, queremos criar novas possibilidades de pódio. Essa é a nossa estratégia", afirmou Freire.
"MELHORES ANOS DO ESPORTE BRASILEIRO"
Em Londres, além de conquistar medalhas em esportes tradicionais entre os brasileiros como vôlei, judô, futebol, natação e vela o Brasil conseguiu medalhas também na ginástica artística, no boxe e no pentatlo moderno, e obteve bons resultados em outros esportes vistos como boas possibilidades para 2016.
De lá para cá, atletas de diversas modalidades tiveram bons desempenhos em competições internacionais, reforçando a expectativa de medalhas nos Jogos Olímpicos do ano que vem.
"Tivemos nos dois primeiros anos do quadriênio resultados super legais e foram os melhores anos do esporte brasileiro", disse Freire. "Em 2013, fizemos 27 pódios em competições mundiais e, em 2014, foram 24. Isso é quase o dobro dos primeiros anos dos quadriênios anteriores", acrescentou.
Nos Jogos de Londres, a Itália ficou na 10ª colocação com 28 medalhas e, em 2008, a Ucrânia ocupou esse posto, com 27 pódios. Já o Brasil subiu ao pódio 17 vezes e obteve seu melhor desempenho no total de medalhas, mas fechou na 22ª segunda posição.
"Se olharmos nossos resultados em competições mundiais nesses dois primeiros anos do quadriênio, estamos no grupo dos top 10".
Freire aponta que a luta do Brasil para ficar entre os 10 maiores medalhistas no ano que vem vai se dar com países como Coreia do Sul, Itália, Ucrânia, Espanha, Cuba, Canadá, Uzbequistão, Azerbaijão, Hungria e Holanda, entre outros.
Segundo o mapeamento do COB, o ranking dos "top 10" está dividido em três grupos. O primeiro, conta com as potências olímpicas Estados Unidos, China e Rússia, que ganham normalmente mais de 80 medalhas; o segundo grupo reúne países como Austrália, Alemanha, Reino Unido, França e Japão, que historicamente têm mais de 35 medalhas; e o terceiro grupo tem um rol de 12 a 16 países que se revezam na 9ª e 10ª posições.
"Queremos esse terceiro grupo", afirmou o dirigente. "Ao está a turma que ganha entre 20 e 28 medalhas. Para a gente, ficar em 9º ou 10º é um topo de pódio e uma grande conquista".
Além da Olimpíada de 2016, o COB já está de olho nos Jogos de Tóquio, em 2020. O comitê já iniciou conversas, mesmo em um ano de dificuldades econômica no Brasil, para renovação de patrocínios ou criação de novas oportunidades de incentivo.
O superintendente do COB aposta no bom desempenho do Brasil no ano que vem como uma alavanca para os investimentos.
"O atual governo apostou no Bolsa Pódio e no Bolsa Medalha. Resta saber se, no futuro, em um novo governo se isso vai se manter. Seria muito bom que os projetos seguissem", acrescentou.
"A medalha é importante. Ser top 10 em uma modalidade, top 8 em outra e fazer melhor performance, tudo isso é uma garantia de investimento do governo e dos privados, sejam eles patrocínios individuais, de atletas, clubes ou entidades". OLBRSPORT Reuters Brazil Online Report Sports News 20150324T141002+0000