BEIRUTE (Reuters) - O governo sírio, neste sábado, descartou qualquer discussão sobre a presidência ou eleições presidenciais nas conversas sobre paz e criticou o enviado da ONU para supervisionar as negociações da semana que vem.
A oposição, por sua vez, acusou Damasco de tentar interromper as conversas antes que elas começassem - uma troca de palavras que refletiu os grandes desafios que diplomatas enfrentam para tentar construir um cessar-fogo que possa diminuir a violência desde 27 de fevereiro.
O Ministro de Relações Exteriores Walid al-Moualem confirmou a participação do governo nas conversas, mas disse que elas não dariam certo se a oposição "tivesse ilusões de conquistar em Genebra o poder que não conseguiu no campo de batalha".
Ele também criticou o enviado da ONU, Staffan de Mistura, por já ter apresentado uma agenda para as conversas e pelo seu comentário de que eleições presidenciais deveriam ser realizadas em 18 meses.
"A delegação do governo rejeitará qualquer tentativa de colocar isso na agenda", disse Moualem, em uma entrevista na televisão.
"Não vamos conversar com ninguém sobre a posição da presidência... Eu aconselho que, se esse for o pensamento deles, não deveriam vir negociar", disse, sobre a oposição.
As negociações serão no quinto aniversário da guerra que já matou mais de 250.000 pessoas, criou a pior crise de refugiados do mundo e permitiu a expansão do Estado Islâmico.
Faz parte da primeira tentativa diplomática desde que a força aérea russa interveio, em setembro, para ajudar o presidente Bashar al-Assad, modelando a guerra a sua maneira e ajudando Damasco a recuperar regiões significativas no oeste.
O acordo de cessar-fogo, negociado por Estados Unidos e Rússia, tem sido mais respeitado do que muitos outros, apesar de o conflito ter continuado em algumas frentes, inclusive na fronteira da Turquia.
(Por Tom Perry)