Por Steven Scheer e David Ljunggren
OTTAWA (Reuters) - O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, prometeu continuar sua campanha de reeleição e pediu perdão nesta quinta-feira após fotos suas com o rosto pintado de preto surgirem, pouco menos de cinco semanas antes da eleição nacional.
A campanha do líder do Partido Liberal sofreu uma reviravolta quando a revista Time publicou na quarta-feira uma imagem em que Trudeau pintou o rosto de preto em uma festa em 2001 chamada "Noites Árabes". Na época com 29 anos, ele era professor em uma escola particular em Vancouver.
O ato é conhecido em inglês como "blackface" e remete à época em que pessoas brancas pintavam o rosto para interpretar pessoas negras de forma exagerada e estereotipada.
Outras imagens surgiram desde então e Trudeau disse estar "cauteloso" em descartar a existência de mais fotos porque não se lembrava nem mesmo das que foram divulgadas.
Respondendo perguntas em Winnipeg, Manitoba, Trudeau afirmou que seu privilégio como branco e filho do ex-primeiro-ministro Pierre Trudeau tinha um "ponto-cego".
"Venho de um local privilegiado e me esforcei em minha vida para usar as vantagens e oportunidades que me deram para servir este país, para lutar pelos direitos das pessoas", disse.
"Preciso reconhecer que desapontei muitas pessoas com esta escolha (de pintar o rosto de preto) e estou aqui hoje para refletir sobre isto e pedir perdão".
Mais cedo, Trudeau realizou uma teleconferência com todos os seus 338 candidatos na eleição.
"O primeiro-ministro expressou seu arrependimento e disse que isto aconteceu há 20 anos", afirmou um membro do Partido Liberal que participou da teleconferência.
"Ele disse que este é o momento para continuarmos trabalhando juntos para entender a dor das pessoas que estão sendo vítimas de racismo e de estereótipos".
Mesmo antes do escândalo, a corrida para a eleição de 21 de outubro já estava acirrada. Mas a divulgação das fotos pode ser um ponto de virada, em parte porque o Partido Liberal tradicionalmente recebe apoio de comunidades imigrantes.
(Reportagem de Kelsey Johnson)