Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou neste domingo que a admissão da presidente Dilma Rousseff de que houve desvio de recurso na Petrobras é um avanço, ainda que tardio, mas disse que a adversária não tomou providências contra o tesoureiro do PT que seria suposto receptor de parte do dinheiro desviado.
"Eu reconheço que é um avanço, a presidente, pelo menos, admitir que isso aconteceu, talvez um pouco tarde, mas a admissão é algo positivo", disse o candidato tucano em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, onde participou neste domingo de manhã de uma caminhada pela orla de Copacabana.
"Agora, as providências, eu não vi até agora nenhuma atitude da presidente em relação àquele que é denunciado pelo delator Paulo Roberto (Costa) como receptor da parcela que caberia ao PT, que é o seu tesoureiro", acrescentou.
Um suposto esquema de corrupção na Petrobras envolvendo partidos políticos foi revelado durante a disputa eleitoral e tem sido detalhado à Justiça pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em um acordo de delação premiada.
Em depoimentos à Justiça Federal, Costa afirmou que grandes empresas fecharam contratos com a estatal por anos com sobrepreço e que a maior parte do dinheiro desviado tinha como destino partidos da base governista.
Segundo ele, o operador do PT no esquema era o tesoureiro da legenda, João Vaccari.
Dilma, candidata à reeleição pelo PT, reconheceu no sábado, pela primeira vez, que houve desvio de recursos na estatal e disse que pedirá ressarcimento desse dinheiro, mas que isso não está ao alcance do governo no momento.
A uma semana do segundo turno da eleição, Aécio e Dilma vão estar frente à frente na noite deste domingo em mais um debate eleitoral na televisão. Os dois travaram na quinta-feira o debate mais agressivo da campanha até o momento, com ataques generalizados de ambos os lados, deixando as propostas de governo em segundo plano.
O candidato tucano fez um "convite" a Dilma para que ambos possam debater propostas e deixar as ofensas de lado. "Que nós possamos debater propostas, falar do futuro do Brasil, permitir aos brasileiros que possam conhecer de forma mais clara e mais profunda aquilo que nos separa", disse.
Aécio escolheu o Rio para iniciar sua última semana de campanha ao lado de diversos aliados em busca de votos em um Estado onde ficou em terceiro lugar no primeiro turno, atrás de Dilma e de sua agora aliada Marina Silva (PSB), terceira colocada na votação nacional de 5 de outubro.
O senador eleito por São Paulo José Serra (PSDB), o presidente do PPS, Roberto Freire, e o candidato a vice-governador de Luiz Fernando Pezão (PMDB) no Rio, Francisco Dornelles, foram algumas das figuras políticas ao lado de Aécio no evento, que também contou com a presença do ex-jogador Ronaldo.
Uma multidão lotou a orla de Copacabana com bandeiras de Aécio e do Brasil, em um domingo de sol em que os apoiadores do candidato se misturaram a turistas e moradores que aproveitavam a manhã na praia. Aécio percorreu um trecho de cerca de 1,5 quilômetro em cima de um carro aberto e depois seguiu viagem para São Paulo, onde participará do debate.