Juro da dívida bate recorde e deficit nominal supera R$ 1 trilhão
SÃO PAULO (Reuters) -O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, renovando máximas históricas e encostando nos 148 mil pontos, em uma sessão de recordes em Wall Street e nova melhora em previsões de inflação no Brasil, enquanto MBRF disparou após acordo com o fundo soberano da Arábia Saudita.
Discussões comerciais entre autoridades chinesas e norte-americanas alimentaram expectativas de um acordo entre as duas maiores economias do mundo, tendo no radar um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping previsto para quinta-feira, o que reverberou na bolsa paulista.
Também repercutiu o encontro de Trump com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo, com o brasileiro afirmando que o norte-americano "garantiu" durante a reunião que Brasil e EUA chegarão a um acordo sobre o comércio.
A semana ainda reserva decisão de juros do Federal Reserve na quarta-feira, com as apostas no mercado sinalizando expectativa de corte de 0,25 ponto percentual.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,55%, a 146.969,1 pontos, após marcar 147.976,99 na máxima e 146.173,72 na mínima do dia. O volume financeiro somou R$16,488 bilhões, abaixo da média diária do mês, de R$22,283 bilhões.
De acordo com o analista Nícolas Merola, da EQI Research, trata-se de uma semana muito importante para os mercados, que começou com "pé direito", em boa parte pelas expectativas para a reunião entre Trump e Xi. Isso, afirmou, está acalmando os mercados e apoiando a busca por ativos de risco.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,23%, a 6.875,16 pontos, renovando teto histórico, com agentes também se preparando para um provável corte nos juros pelo Fed e no aguardo de uma agenda cheia de balanços, incluindo os resultados de Alphabet, Meta, Amazon e Microsoft.
Merola citou também o encontro entre Lula e Trump no fim de semana como um componente positivo para a bolsa paulista, mesmo sem nenhuma decisão efetiva. "Mas eles se encontraram, conversaram e, quem sabe, a partir desse encontro as coisas se amenizem para que um novo acordo seja feito", observou.
Ele ainda chamou a atenção para a temporada de resultados que começa a ganhar fôlego no Brasil e deve ser acompanhada atentamente por investidores. Nesta semana, a agenda inclui os balanços do terceiro trimestre de empresas como Vale, Bradesco, Ambev, Gerdau e Telefônica Brasil, entre outros.
O pregão no Brasil ainda teve como pano de fundo pesquisa Focus mostrando nova queda nas previsões no mercado para o IPCA em 2025 e 2026, com a mediana das estimativas para este ano recuando para 4,56% e aproximando-se do teto da meta de inflação buscada pelo Banco Central.
DESTAQUES
- MBRF ON saltou 6,45%, após sua subsidiária integral BRF GmbH assinar contrato de investimento com a Halal Products Development Company (HPDC), uma subsidiária integral do fundo soberano da Arábia Saudita, o PIF. A transação marca o primeiro passo para a realização de um IPO da BRF Arabia a partir de 2027. Até a última sexta-feira, os papéis acumulavam um declínio de quase 23% em outubro.
- USIMINAS PNA saltou 10,53%, ampliando a recuperação após forte queda durante o pregão da sexta-feira, em meio à repercussão do balanço do terceiro trimestre. Em teleconferência, executivos da siderúrgica afirmaram que a Usiminas avalia pagar dividendo este ano.
- MAGAZINE LUIZA ON valorizou-se 5,45%, estendendo a recuperação desde o tombo na quinta-feira -- quando fechou em baixa de 5,6% após desabar quase 10% na quinta-feira na esteira de acordo entre Casas Bahia e Mercado Livre. No noticiário do setor, Mercado Livre anunciou nesta segunda-feira R$100 milhões em cupons de desconto para eventos promocionais de novembro. Em Nova York, MERCADO LIVRE subiu 5,61%.
- RAÍZEN PN caiu 2,06%, após duas altas, em meio a preocupações persistentes com o endividamento da empresa. Na sexta-feira, a agência de classificação de risco Fitch Ratings cortou a nota da Raízen para "BBB-", citando deterioração da estrutura de capital por aumento do endividamento e enfraquecimento do fluxo de caixa operacional maior do que o esperado para o exercício fiscal de março de 2026.
- MINERVA ON recuou 0,42%, no segundo pregão seguido de queda, após uma sequência de oito pregões de alta, período em que acumulou valorização de quase 10%. Na última quinta-feira, o fôlego do papel teve suporte em decisão dos EUA de quadruplicar a cota tarifária da carne bovina da Argentina, país onde a Minerva, maior exportadora de carne bovina in natura e seus derivados da América do Sul, tem seis plantas.
- BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 1,61%, em dia positivo entre os bancos do Ibovespa. ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,84%, BRADESCO PN encerrou com ganho de 0,83% e SANTANDER BRASIL UNIT avançou 1%. Bradesco e Santander divulgam na quarta-feira seus resultados do terceiro trimestre. BTG PACTUAL UNIT subiu 0,23%tendo no radar entrada no setor de adquirência.
- PETROBRAS PN subiu 0,54%, em sessão de alta dos preços do petróleo no exterior e com dados de produção e vendas da petroleira no terceiro trimestre também no radar. A estatal disse na sexta-feira que a sua produção de petróleo no Brasil cresceu 18,4%, permitindo um recorde de exportações da commodity pela estatal. Analistas da XP cortaram o preço-alvo das ações de R$47 para R$37, com manutenção de compra.
- VALE ON cedeu 0,11%, apesar da alta dos futuros do minério de ferro na China, em meio à percepção no mercado de diminuição das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, as duas maiores economias do mundo, que superou as preocupações com a demanda no principal consumidor. A mineradora reporta seu desempenho trimestral na quinta-feira, após o fechamento do mercado.
- AMBIPAR ON, que não está no Ibovespa, saltou 34,62%, para R$0,35, tendo no radar decisão em caráter liminar, da 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), de que a Justiça fluminense é competente para julgar o pedido de recuperação judicial do grupo. A Justiça também concedeu medidas urgentes que garantem a continuidade das atividades do grupo, com multa para quem descumprir.
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(Edição de Pedro Fonseca e Alberto Alerigi Jr.)
