Por Leila Abboud e Lisa Jucca
MILÃO (Reuters) - A francesa Vivendi informou nesta quinta-feira que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta rival da Telecom Italia.
A Telefónica fez uma oferta maior do que a da Telecom Italia pela GVT para assegurar que ganhará a disputa pela provedora de banda larga e TV paga, a qual pretende unir à sua empresa brasileira que opera sob a marca Vivo, líder em telefonia móvel.
Para a Vivendi, a venda da GVT ocorre após uma reformulação tumultuada de dois anos em que vendeu três empresas de telecomunicações e seu negócio de videogame, a fim de reduzir sua dívida e se concentrar mais em mídia e conteúdo.
A Vivendi receberá 4,66 bilhões de euros (6,14 bilhões de dólares) em dinheiro da Telefónica, o que é uma elevação da parte em dinheiro de uma oferta anterior apresentado pela espanhola para enfrentar a proposta da Telecom Italia.
Além da parte em dinheiro, a Telefónica dará à Vivendi uma participação de 12 por cento na companhia brasileira combinada, dos quais cerca de um terço pode ser trocado por uma participação de 5,7 por cento na Telecom Italia se Vivendi assim desejar.
"A oferta da Telefónica se ajusta melhor aos objetivos estratégicos e financeiros do grupo", disse a Vivendi.
"A Vivendi começa uma nova fase em seu desenvolvimento para se tornar um grupo industrial integrado focada em mídia e conteúdo."
O magnata francês Vincent Bolloré, que é o maior acionista da Vivendi, liderou as negociações com a Telefónica e com a Telecom Italia nas últimas semanas em seu primeiro grande movimento estratégico desde que assumiu como chairman da companhia em junho.
A oferta da Telecom Italia, também em dinheiro e ações, atribuía à GVT um valor de 7 bilhões de euros, incluindo o pagamento de 1,7 bilhão de euros em dinheiro, uma participação de 16 por cento na Telecom Italia e uma fatia de 15 por cento na empresa brasileira resultante da união de TIM Participações e GVT.
A Telecom Italia precisa da GVT para fortalecar sua operadora brasileira TIM e para evitar ser alvo de uma potencial aquisição pela Oi, que planeja repartir a TIM entre si, América Móvil e Telefónica.
A desaceleração do crescimento do mercado de telefonia móvel no Brasil está forçando os principais competidores na região a perseguir clientes que gerem maior valor através de serviços de televisão por assinatura e de banda larga, setores nos quais a GVT foi pioneira no Brasil, mercado que é um grande gerador de receita tanto para Telefónica quanto para Telecom Italia.
(Reportagem de Leila Abboud e Gwenaelle Barzic)