Por Huw Jones
LONDRES (Reuters) - O retorno aos escritórios trará novos desafios para bancos e corretoras que buscam impor uma boa conduta aos seus funcionários, depois que a maior parte deles trabalhou em casa durante a pandemia de coronavírus, informou um órgão do setor de mercados financeiros nesta segunda-feira.
Durante as paralisações para conter o surto em grandes centros financeiros como Londres, os operadores enfrentaram desafios de compliance ao negociar moedas, ações, títulos e commodities nas suas casas. Muitas empresas não permitiam o trabalho remoto antes da pandemia.
Os reguladores se preocuparam com a capacidade das empresas financeiras de manter bons padrões de negociação enquanto as equipes de compliance estavam fora de vista, mas mesmo com os funcionários voltando ao escritório, novos tipos de riscos estão surgindo.
"As pessoas se sentirão sob pressão para voltar, principalmente se você ver metade de sua equipe de volta ao escritório, mais próxima à liderança", disse Martin Pluves, presidente-executivo do FICC Markets Standards Board (FMSB).
"Então haverá pressões sobre as pessoas que acham que há uma equipe A e uma equipe B e isso pode levar a certos comportamentos. Isso é algo que as empresas precisam observar à medida que avançamos mais para um modelo híbrido."
O FMSB foi criado para ajudar a melhorar a conduta dos bancos nos mercados depois que foram multados por tentar fraudar os benchmarks de moedas e a taxa de juros Libor.
Nesta segunda-feira, o FMSB, cujos membros incluem Goldman Sachs, HSBC, Barclays (LON:BARC) e BlackRock, publicou um guia de boas práticas para lidar com os riscos de conduta do trabalho remoto.
"Esse será um exercício que durará algum tempo", disse Pluves.
Um dos riscos mais recentes é que as pessoas que trabalham em casa podem estar menos dispostas a aceitar seus erros, já que é mais fácil que o erro não seja detectado, disse Pluves. Também é mais difícil detectar violência doméstica ou abuso de substâncias entre pessoas que ainda trabalham em casa.
"É seguro dizer que o trabalho remoto será uma parte significativa dos serviços financeiros pelo menos no próximo ano e talvez para sempre", disse Pluves.