Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve voltaram o foco nesta segunda-feira para um debate sobre a taxa de juros que deve se intensificar nos próximos meses, com uma delas afirmando que as condições para uma alta podem ser atendidas no próximo ano diante da expectativa de crescimento de empregos e inflação já indo além de níveis confortáveis.
O vice-chair do Fed, Richard Clarida, disse que se suas perspectivas atuais para a economia se mostrarem corretas, as "condições necessárias para aumentar a meta para os juros terão sido atendidas até o final de 2022".
Seus comentários vêm no momento em que o Fed volta sua atenção para um possível conflito entre a expectativa de elevar os empregos ao máximo e a preocupação de que a inflação já esteja aumentando rápido demais.
A inflação até o momento já representa "muito mais do que uma superação 'moderada' de nosso objetivo de 2% no longo prazo, e eu não consideraria a repetição desse desempenho no próximo ano como um sucesso de política monetária", disse Clarida.
Ele afirmou que o crescimento econômico deve levar a taxa de desemprego para 3,8% até o final do próximo ano e "eliminar a 'lacuna de emprego' de 4,2 milhões em relação" aos meses anteriores à pandemia.
Nesse ponto, uma trajetória para os juros semelhante à traçada por autoridades do Fed em setembro seria "inteiramente consistente" com o novo arcabouço do banco central norte-americano para atingir sua meta de inflação de 2% e alcançar o pleno emprego, disse Clarida em comentários preparados para apresentação na Brookings Institution.
Esse "gráfico de pontos" mostrou que 18 autoridades do Fed estão igualmente divididas sobre a necessidade de aumentar os juros no próximo ano, com a maioria mostrando aumentos mais constantes em 2023 e 2024.
Em comentários separados, o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, repetiu sua perspectiva de que o Fed precisará aumentar os juros duas vezes no próximo ano - com o mercado de trabalho dos EUA já tão apertado que tem elevado a inflação por meio do aumento dos custos salariais.
"Veremos uma pressão decrescente na taxa de desemprego e continuaremos a ver um mercado de trabalho muito aquecido, com aumento de remuneração", disse Bullard à Fox Business Network. "Temos um pouco de inflação aqui ... definitivamente queremos ver isso diminuir até se aproximar da nossa meta."
"Se a inflação é mais persistente do que estamos dizendo agora, acho que podemos ter que agir um pouco mais cedo para mantê-la sob controle", disse Bullard.
Dois outros presidentes de bancos do Federal Reserve devem falar no final do dia.