O mercado de juros começou a semana dando sequência ao movimento anterior, com taxas curtas e intermediárias em alta, pressionadas pela piora nos cenários de inflação e Selic, atualmente em 4,25%. Na esteira da leitura negativa do IPCA-15 de julho na sexta-feira, o mercado embutiu mais prêmios hoje em função da deterioração da mediana de IPCA 2022 na Pesquisa Focus e de possíveis efeitos que os eventos climáticos - em especial a onda de frio prevista para chegar ao Sul e Sudeste nesta semana - terão na oferta de alimentos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a 6,17%, de 6,067% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,479% para 7,57%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,35%, de 8,345% no último ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 8,733% para 8,70%.
Logo cedo, o Boletim Focus mostrou que, na esteira do IPCA-15 de julho, a mediana de Selic para o fim de 2021 passou de 6,75% para 7,00%, o que não evitou aumento da mediana do IPCA para 2022, de 3,75% para 3,80%. A meta central de inflação no ano que vem é de 3,5%.
Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Souza Leal, após cinco semanas de relativa estabilidade, o avanço da mediana para a inflação em 2022 no Focus surpreendeu e foi a "pá de cal" sobre a possibilidade de elevação da Selic de 0,75 ponto na semana que vem.
"Acho difícil agora não vir um aumento do juro de 1 ponto. As expectativas pioraram e o mercado já está precificando 1 ponto. Agora, é igual caminhão na ladeira: deixa descer, tentar parar no meio é pior", argumenta o economista.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, a curva a termo precificava nesta tarde 20% de chance de aperto de 1,25 ponto na taxa básica no Copom de agosto, contra 80% de probabilidade de alta de 1 ponto. Para o fim de 2021, apontava nível de 7,59%.