Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - Após subir 1 por cento na véspera, o dólar recuava ante o real nesta sexta-feira, num movimento parcial de correção com os investidores ainda cautelosos diante do movimento que terá de se feito pelo governo em busca de apoio para as reformas no Congresso Nacional.
O cenário externo também estava no radar, com preocupações com a capacidade do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de implementar sua política econômica.
Às 10:22, o dólar recuava 0,41 por cento, a 3,1654 reais na venda, depois de ter registrado na véspera a maior alta em quase dois meses e encostado em 3,18 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,40 por cento.
"Seguem no radar as negociações para a aprovação das novas metas fiscais anunciadas pelo governo, que podem servir de teste para avaliar como será o apoio a reforma da Previdência", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, em relatório.
Na véspera, chegou ao Congresso a mensagem presidencial contendo projeto que modifica as metas de resultado primário para 2017 e 2018 para déficit de 159 bilhões de reais.
A mudança da meta foi acompanhada de medidas, como a elevação da contribuição previdenciária de servidores, que também precisam de aprovação do Congresso. Além disso, o governo também quer garantir no Legislativo a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e o Refis, renegociação de dívidas tributárias. Isso sem contar a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.
"O ambiente político continua tumultuado com dúvidas em relação à aprovação da TLP, que está com prazo bastante apertado", afirmou o chefe da mesa de derivativos da Mirae Asset, Olavo Souza.
Para impedir que denúncia por crime de corrupção passiva contra ele avançasse no Congresso, o presidente Michel Temer gastou bastante de seu capital político e agora tem que aprofundar as negociações para a aprovação de reformas.
Os investidores monitoravam também o exterior nesta sessão, onde crescem as preocupações sobre a capacidade de Trump de implementar medidas de estímulo. Nesta sessão, o dólar perdia força ante o iene, para onde os investidores se refugiam em tempos de turbulência.
O atentado terrorista em Barcelona na véspera, que deixou ao menos 14 mortos, também ajudava a fortalecer o iene. O dólar recuava ante uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano.