(Corrige texto para retirar menção a Anima no 9º parágrafo)
Por Juliana Schincariol
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As novas regras para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) mudaram o cenário para as empresas de ensino superior privado, o que tem levado algumas das companhias a adotar novas estratégias para a captação de alunos elegíveis ao programa em 2016 para além de campanhas de marketing e alternativas de financiamento.
No fim do ano passado, o Ministério da Educação estabeleceu que aqueles que desejarem aderir ao programa de financiamento do ensino superior devem ter nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), e não podem ter nota zero na redação.
Por conta desta restrição, a Estácio e a Ser Educacional optaram por oferecer cursos preparatórios para o Enem, apesar de não acreditarem na redução na base de alunos por conta das mudanças.
A Ser Educacional oferecerá atividades de orientação para realização do Enem a partir do segundo semestre, disse à Reuters Jânyo Diniz, diretor-presidente da companhia que tem atuação principal nas regiões Norte e Nordeste.
"Teremos um trabalho mais específico da equipe pedagógica na preparação de alunos, sobre como o aluno deve se preparar para o Enem, em alguns casos vamos oferecer cursos preparatórios", disse o diretor-presidente, sem especificar as regiões ou o número de estudantes que participarão da iniciativa.
As orientações incluem o tempo que deve ser gasto em cada questão da prova, a melhor forma de realizá-la, o que, segundo Diniz, "muda o nível de acertos".
Já a Estácio colocou em prática há algumas semanas o chamado projeto Educar, com aulas quinzenais de redação para alunos do ensino médio, sob tutela de professores da instituição. O programa compreende dicas sobre como não zerar a redação, não fugir do tema proposto e sobre os critérios de avaliação da prova, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
A Estácio disse que não comentaria o assunto por se tratar de um projeto piloto.
Até o momento, a Kroton está realizando apenas ações mais tradicionais para captação de alunos, como propaganda, participação em feiras de profissões e visitas aos colégios.
RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
Além nas mudanças nas regras de adesão ao Fies, os recursos do programa foram limitados no primeiro semestre, período mais importante para a captação de alunos pelas entidades de ensino superior, por conta das restrições orçamentárias do governo.
As adesões ao programa totalizaram 252,4 mil e 178 mil estudantes não conseguiram ter seus pedidos atendidos no primeiro semestre, de acordo com o MEC. Em 2014, os novos contratos somaram 732,2 mil.
"Todas as instituições estão buscando alternativas de financiamento. Estamos negociando com alguns bancos algumas alternativas para os alunos", acrescentou Diniz, da Ser Educacional.
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, anunciou que uma segunda edição do Fies será oferecida para o segundo semestre, mesmo diante do ajuste das contas públicas, com prioridade para formação de professores e cursos das áreas de saúde e engenharia. Ele, contudo, não forneceu detalhes sobre o próximo ano, se haverá novas regras ou restrições.