BAMAKO (Reuters) - O líder do grupo islâmico militante Ansar Dine concordou em interromper os ataques que mataram dezenas de civis, soldados e tropas da ONU no Mali neste ano, disse nesta segunda-feira o presidente da principal entidade islâmica da nação do oeste africano.
O Ansar Dine, que é ligado à Al Qaeda, e outros grupos islâmicos se apropriaram de uma rebelião de rebeldes tuaregues em 2012 e ocuparam o norte desértico do Mali, mas foram repelidos por uma operação militar liderada pela França um ano mais tarde.
Este ano, porém, os militantes intensificaram as operações, atacando partes do oeste e do sul antes consideradas seguras e despertando o temor de que a violência se espalhe para outras regiões.
"Confirmo ter recebido de Iyad Ag Ghali (líder do Ansar Dine) a cessação das hostilidades através do país", disse Mahmoud Dicko, presidente do Alto Conselho Islâmico, à Reuters, acrescentando que em breve irá informar as autoridades malinesas.
Em uma carta a Dicko publicada no site de notícias malinês malijet.com, Ag Ghali disse concordar em deter os ataques a pedido do primeiro.
"A aplicação deste cessar-fogo de boa fé irá permitir a garantia da segurança das pessoas e de suas propriedades (e) promover a coesão social, a chave para a paz e a estabilidade", disse Ag Ghali.
Ele não informou quanto tempo a trégua irá durar ou o que espera em troca das autoridades do país.
No ano passado, o governo do Mali e grupos separatistas do norte chegaram a um acordo para encerrar décadas de levantes tuaregues e permitir que o Exército se concentre na luta contra militantes islâmicos.
Ag Ghali é um comandante tuaregue renegado e tem laços com os separatistas, mas o Ansar Dine foi excluído do acordo.
Já a agência de notícias do Estado Islâmico, Amaq, confirmou no domingo uma promessa de aliança com um grupo militante do Saara chamado Estado Islâmico no Grande Saara, que reivindicou ataques no Mali e em Burkina Faso nas últimas semanas.
Foi o primeiro sinal de reconhecimento de líderes do Estado Islâmico ao grupo, que declarou sua aliança em maio de 2015 depois de romper com uma facção da Al Qaeda.
(Por Tiemoko Diallo; Reportagem adicional de Emma Farge)