Por Stephen Eisenhammer
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Moradores de uma comunidade vizinha ao Parque Olímpico dos Jogos de 2016 protestaram, nesta quarta-feira, contra as demolições previstas no local para as obras do evento bloqueando uma avenida importante do Rio de Janeiro na hora do rush pela manhã.
O tráfego ficou congestionado por pelo menos cinco quilômetros na Barra da Tijuca depois que cerca de 30 moradores da comunidade Vila Autódromo bloquearam uma via durante o protesto, em que cantavam e levavam cartazes.
Os manifestantes são os moradores remanescentes da comunidade. Mais de 90 por cento dos habitantes aceitaram sair após sofrerem pressão e receberem várias ofertas do governo municipal, mas cerca de 50 famílias continuam morando na favela, apesar da falta de infraestrutura básica.
A prefeitura do Rio afirma que o terreno onde a Vila Autódromo foi erguida é necessário para ser utilizado como acesso ao Parque Olímpico, que vai receber mais de 20 esportes nos Jogos de 2016.
Os moradores dizem que o local será utilizado para a construção de prédios de luxo após os Jogos, como está planejado para ocorrer em outras obras olímpicas, como a Vila dos Atletas.
"A prefeitura nunca teve paciência para negociar direito com a gente. Agora é hora de gritar sobre o nosso sofrimento, nossa exclusão", disse Inalva Brito, de 69 anos, que mora na Vila Autódromo há 40 anos.
Apesar de pequeno, o protesto desta quarta-feira foi um dos primeiros especificamente contra os Jogos, que estão a 500 dias de sua abertura.
Antes da Copa do Mundo do ano passado, milhares de manifestantes protestaram em diversas cidades do país contra os custos de realização do evento, entre outros temas.