Por Stephanie Nebehay e Umaru Fofana
GENEBRA/FREETOWN (Reuters) - A Libéria, país mais afetado pela epidemia de Ebola do Oeste Africano, deverá registrar milhares de novos casos uma vez que o vírus está se alastrando exponencialmente, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira.
A epidemia, a pior desde que a doença foi descoberta em 1976, matou cerca de 2.100 pessoas na Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria e se espalhou também pelo Senegal.
A OMS acredita que levará de seis a nove meses para conter a doença e que ela poderá infectar até 20.000 pessoas. Na Libéria, a doença já matou 1.089 pessoas -- mais da metade de todas as mortes registradas desde março nesta epidemia regional.
"A transmissão do vírus Ebola na Libéria já é intensa e o número de novos casos está aumentando exponencialmente", disse a agência da ONU em um comunicado. "O número de novos casos está aumentando muito mais rápido do que a capacidade de gerenciá-los em centros de tratamento específicos para o Ebola."
Quatorze dos 15 condados da Libéria têm relatado casos confirmados. Logo que um novo centro de tratamento contra Ebola é aberto, ele imediatamente é sobrecarregado com pacientes.
"Em Monróvia, táxis repletos de famílias inteiras, dos quais alguns membros podem estar infectados com o vírus Ebola, cruzam a cidade à procura de leitos para tratamento. Não há nenhum", disse.
No condado de Montserrado, que inclui a capital Monróvia e é o lar de mais de um milhão de pessoas, a equipe de investigação da OMS estimou que 1.000 leitos são urgentemente necessários para os doentes de Ebola, disse o comunicado.
Moto-táxis e táxis regulares se tornaram "uma fonte quente" de transmissão do Ebola.
O governo da Libéria anunciou nesta segunda-feira que está estendendo o toque de recolher noturno em todo o país imposto no mês passado para conter a disseminação da doença.
Serra Leoa, na semana passada ordenou uma "reclusão" de quatro dias em todo o país, a partir 18 de setembro, como parte de esforços mais severos para impedir a propagação do vírus Ebola.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao primeiro-ministro britânico David Cameron, ao presidente da França, François Hollande, ao presidente cubano, Raúl Castro, e ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para aumentar o apoio, disse seu porta-voz.
Embora os governos e organizações em todo o mundo estejam liberando dinheiro e suprimentos para a região, a OMS disse que seus parceiros de ajuda devem aumentar os esforços em três a quatro vezes para combater a epidemia.
(Reportagem adicional Bate Felix em Dacar, Aaron Maasho em Addis Ababa, David Alexander em Washington, e Alphonso Toweh e Jame Giahyue na Monróvia)