SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O leilão da usina hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no complexo do Rio Tapajós, no Pará, vai acontecer apenas em 2015, depois que o governo federal cancelou a data limite para realizar a licitação neste ano, segundo secretário do Ministério de Minas e Energia.
"A usina de São Luiz do Tapajós, que era a intenção licitar neste ano, vai ficar para o próximo ano", afirmou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura, a jornalistas, antes de participar do evento Energy Summit, em São Paulo.
Mais cedo, uma fonte do governo havia antecipado à Reuters que o certame da usina, que faz parte do último grande complexo hidrelétrico planejado no pais, não ocorreria mais neste ano.
O leilão estava marcado para 15 de dezembro, o que seria um prazo limite para realizar o certame neste ano. Mas nesta quarta-feira o governo federal revogou a portaria que estabelecia essa data limite.
A justificativa para o adiamento foi a "necessidade de adequações aos estudos associados ao tema da componente indígena", conforme nota do Ministério.
O secretário acrescentou nesta quarta-feira que o adiamento do leilão dará mais tempo para obter todos os licenciamentos ambientais necessários para a usina, a ser localizada na Amazônia. "O processo de licenciamento no Brasil é um processo muito cuidadoso", disse.
Ventura afirmou que ainda não há decisão sobre qual seria uma nova data para realização do leilão no ano que vem, mas disse que a intenção é que leilões de grandes empreendimentos ocorram sempre no primeiro semestre.
"É difícil dizer (uma nova data). Vai ter a mudança de governo agora, nós não sabemos o resultado das eleições, mas qualquer que seja o resultado é sempre um novo governo. A intenção do ministério é sempre de realizar os leilões no primeiro semestre do ano", disse.
O secretário sinalizou que o ministério ainda trabalha com a data de início da operação comercial de São Luiz do Tapajós em 2020.
Com potência estimada em 6,133 mil megawatts (MW), a usina é a maior entre as planejadas para serem construídas no Complexo Tapajós. A outra usina que está sendo estudada para o complexo, a de Jatobá, terá capacidade para 2,338 mil MW.
Questionado sobre atrasos que têm ocorrido em grandes empreendimentos hidrelétricos no Brasil, Altino Ventura disse que eles acontecem não só no país, mas que são uma realidade no mundo inteiro.
"Entendemos que esses atrasos não são comprometedores para o mercado de energia elétrica do Brasil".
(Por Anna Flávia Rochas e Leonardo Goy)