Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - Um executivo da unidade brasileira da Cargill estimou nesta quinta-feira que o Brasil exportará um volume recorde de 35 milhões de toneladas de milho, com as vendas externas do país ganhando ritmo no segundo semestre, diante do escoamento de uma colheita recorde.
A previsão supera a estimativa da associação do setor, a Anec, em 5 milhões de toneladas. Os 30 milhões de toneladas apontados pela entidade já seriam volumes muito perto de um recorde histórico.
Paulo Sousa, chefe da unidade local de grãos e oleaginosas da Cargill, disse ainda durante uma conferência da indústria que o país fechará o mês de agosto com exportações de 5 milhões de toneladas de milho, com a companhia global com sede nos EUA sendo responsável por uma grande parte dos embarques.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do governo brasileiro, indicaram na última segunda-feira exportações de 4,5 milhões de toneladas até a quarta semana de agosto.
Espera-se que o Brasil represente 50 por cento das exportações globais de milho entre agosto e janeiro do próximo ano, acrescentou Sousa.
"A Cargill será líder", disse ele em relação ao total que a empresa representará no volume das exportações de agosto. A companhia opera no país há 52 anos.
A força do Brasil como exportador de milho na segunda metade do ano ocorre devido à colheita de milho no inverno.
A colheita de segunda safra de milho fez do Brasil o segundo exportador do cereal atrás dos EUA.
A segunda colheita de milho representa cerca de 68 por cento da safra total do cereal no Brasil, que este ano deve atingir um recorde de aproximadamente 97 milhões de toneladas, de acordo com dados do governo.
"Mas o milho de inverno é muito mais vulnerável aos riscos climáticos, então a volatilidade dos preços tende a ser uma questão constante", disse Sousa.
No ano passado, disse ele para ilustrar o seu argumento, houve uma queda acentuada da produção brasileira de milho devido a fatores climáticos, reduzindo fortemente a produção.
"O preço subiu tanto que permitiu a exportadores comoa Cargill e concorrentes comprarem o que tinham vendido", disse ele, acrescentando que isso foi feito para cobrir a lacuna de produção e atender a demanda doméstica.
Nem todo o milho vendido para exportação pôde ser comprado de volta, ele disse. A demanda interna é estimada em cerca de 60 milhões de toneladas.