SÃO PAULO (Reuters) - As próximas emissões de crédito privado devem atrair forte demanda, com investidores devendo realocar capital oriundo de cerca de 20 bilhões de reais em volume de vencimento de papéis nos próximos três meses, disse Bruno Saads, chefe de renda fixa da XP.
"Esse vencimento vai trazer muita liquidez. Vão precisar realocar. O mercado secundário, que já está forte, deverá acelerar mais", afirmou Saads.
Segundo ele, à parte desse montante em vencimento, há no pipeline do mercado de capitais em torno de 20 operações (tanto no mercado offshore quanto local) que devem ocorrer até o fim de dezembro.
Passado o choque do início da pandemia, os prêmios de alguns títulos privados já se reduziram, enquanto outros têm sido ofertados a uma porcentagem maior do CDI.
De acordo com Saads, as letras financeiras, por exemplo, chegaram a ser negociadas a 125% do CDI, número que caiu para cerca de 104% do CDI.
Numa outra frente, os bancos vêm aumentando as taxas de remuneração do CDB de liquidez --com resgate facilitado. Esses ativos têm sido ofertados a cerca de 100% do CDI, contra 80%, 85% antes, conforme o executivo da XP.
"No mundo corporate há uma demanda muito grande por letras financeiras curtas, com vencimento de até um ano, e também por debêntures de empresas com excelente rating para prazo de um ano e por CDB com liquidez", disse.
Entre as empresas de menor faturamento, entre 50 milhões de reais por ano e 300 milhões de reais, a alocação maior é em títulos públicos, sobretudo LFT, mas também há demanda por CDB com período de carência de até 180 dias --que oferece rentabilidade mais alta.
"Estamos numa retomada das ofertas públicas... Apesar de termos tido aquele sofrimento nos meses pós-pandemia, o mercado de crédito está fortalecido, embora com alguma mudança no perfil do comprador", disse Saads.
Segundo dados da Anbima, as emissões de debêntures somaram 10,2 bilhões de reais em outubro, equivalente a 29,01% do total emitido no mês e 5,84% acima do registrado em setembro. Os títulos relativos à securitização --incluindo CRI, CRA e FIDC-- tiveram 2,4 bilhões de reais emitidos, queda de 56,23% ante setembro.
(Por José de Castro)