SÃO PAULO (Reuters) - A MRV (SA:MRVE3) não espera uma ruptura do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, mas vem se empenhando para diversificar os negócios e desenvolver ferramentas para fomentar o mercado imobiliário, disse nesta quinta-feira o copresidente da maior construtora de imóveis econômicos do país, Rafael Menin.
"Modificar radicalmente um programa exitoso como MCMV só se o cara for louco… Pode mudar o nome, algum parâmetro talvez, mas a chance de ruptura é muito pequena e somos a empresa mais protegida do mercado caso haja mudanças", afirmou Menin em encontro com investidores no empreendimento Gran Reserva Paulista.
O empreendimento é o maior já lançado pela MRV, com 7.300 unidades e Valor Geral de Vendas (VGV) de quase 2 bilhões de reais. E a construtora fechou recentemente contrato para lançar mais 11 mil unidades em localização próxima ao Gran Reserva, adiantou o também copresidente da empresa, Eduardo Fischer.
"Fechamos uma área para dar continuidade ao empreendimento”, contou o executivo, citando estágio avançado de licenciamento.
Entre as estratégias para complementar os negócios, a MRV está criando startups dentro do grupo para desenvolver novas soluções para o mercado imobiliário, incluindo consórcio de imóveis e locação. “O consórcio é um modelo pouco difundido… Temos uma startup dentro da companhia olhando para essa modalidade com parcela parecida à do MCMV”, contou Menin.
Outra startup interna é a Luggo, já em fase piloto, para aluguel de imóveis por meio de uma plataforma digital. “Nem todo mundo vai querer comprar um apartamento em cinco ou 10 anos”, acrescentou Menin, ressaltando que o modelo desenvolvido tem baixo consumo de capital. De acordo com ele, a ideia é colocar os empreendimentos em fundos imobiliários no mercado de capitais. “Podemos ter ganho de arbitragem e na gestão de ativos performados”, afirmou.
Os esforços para diversificação do negócio começaram no fim do ano passado, quando a MRV anunciou a retomada de projetos para médio padrão financiados por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). “A ideia é ter 25 por cento do VGV em SBPE nos próximos anos, o que mitiga riscos em grande escala”, contou Fischer.
A construtora espera encerrar 2018 com um crescimento de 25 por cento nos lançamentos de imóveis e de 20 por cento nas vendas em relação a 2017. “E tudo indica que vamos entrar em 2019 com o pé no acelerador”, disse Fischer.
Dentro do SBPE, o Santander Brasil (SA:SANB11) está lançando em parceria com a MRV um piloto para concessão de financiamento imobiliário ainda na planta, uma modalidade operada atualmente apenas pela Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil (SA:BBAS3).
“Seremos o primeiro banco privado a entrar nessa modalidade”, contou o diretor de produtos de crédito e recuperações, Cassio Schmitt, citando apetite para montar uma carteira de 500 milhões a 1 bilhão de reais no primeiro ano.
(Por Gabriela Mello)