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Não se iluda: venda da Unitel pela Oi é apenas uma boia salva-vidas

Publicado 24.01.2020, 15:32
© Reuters.
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Um dos passos mais aguardados no processo de recuperação judicial da Oi (OIBR3; OIBR4) foi concluído nesta sexta-feira (24): a venda da fatia de 25% da angolana Unitel à sua compatriota, a petrolífera Sonangol, por US$ 1 bilhão.

As ações da brasileira, contudo, apresentam forte queda ao longo desta sessão. Por volta das 15h20, recuava 8,41% e voltava a ser uma “penny stock”, negociada a R$ 0,98, enquanto o Ibovespa caía 0,84%, marcando 118.529 pontos.

A reação do mercado já era, em parte, esperada. Como se sabe, investidores costumam apostar em boatos (ou, para usar um termo mais técnico, precificar expectativas) e realizar lucros no ato. Para a equipe de analistas da Elite Investimentos, isso explica parte da queda dos papéis nesta sexta.

Disparada

Os analistas da Elite lembram que, neste mês, o papel disparou. Entre o último pregão de 2019, realizado em 30 de dezembro, e esta quinta-feira (23), a Oi subiu 24,4% na bolsa. Por isso, apesar do forte recuo de hoje, quem apostou na operadora ainda está no lucro.

A questão, agora, é se é hora de comprar o papel, à espera de uma nova aceleração, ou se esse trem já partiu. Afinal, para que os investidores que se anteciparam à venda da Unitel lucrem, precisam vender suas ações para quem acredita que ainda dá para ganhar dinheiro com a Oi. E este é o ponto fundamental: para onde vai a companhia agora?

A resposta mais simples é que, embora importante, os recursos obtidos com a Unitel são apenas uma boia salva-vidas. Pode parecer uma montanha de dinheiro para pobres mortais, mas é apenas um respiro para o tamanho dos desafios à frente da Oi.

Ao comentar a iminência da conclusão do negócio, numa curta nota divulgada ontem, o Credit Suisse afirmou que o valor de US$ 1 bilhão “já era esperado pelo mercado. [Isso] Traria alívio para a posição de caixa [da Oi]”.

Alívio distante

Mas o alívio não é, nem de longe, definitivo. Tanto que o Credit Suisse calcula que o preço-alvo da Oi, no cenário básico, é de R$ 0,70 – cerca de 30% menos que sua cotação corrente. E, para não deixar dúvidas, o cenário básico do banco suíço já incorpora a venda da Unitel por US$ 1 bilhão.

Outro obstáculo é o ritmo com que a empresa está queimando caixa. Segundo o último relatório dos administradores da recuperação judicial, a companhia torrou R$ 861 milhões nos meses de setembro, outubro e novembro. Considerando-se que o dólar fechou em R$ 4,16 ontem, a venda da Unitel renderia R$ 4,16 bilhões.

Nesse ritmo, o dinheiro novo acabaria em pouco mais de um ano.

Desse total, US$ 60,1 milhões (R$ 250 milhões) já foram pagos pela Sonangol, antes mesmo da assinatura do negócio. Outros US$ 699,1 milhões (R$ 2,9 bilhões) devem ser pagos hoje. O restante precisa ser quitado até 31 de julho.

Fluxo

Segundo o fato relevante divulgado pela Oi, o acordo prevê que a Sonangol deva garantir, pelo menos, US$ 40 milhões mensais para a brasileira a partir de fevereiro.

Por isso, o Credit Suisse afirma que a ação da Oi só merece ficar acima de R$ 1, se a empresa vender suas operações de telefonia móvel – a Oi Móvel, maior cartão de visitas da companhia. Caso isso não ocorra, no pior dos casos, a ação valeria apenas R$ 0,20, segundo seus cálculos.

Ou seja, apostar nesses papéis continua um investimento de alto risco. A empresa está jogando suas últimas cartas e ganhou esta rodada. Mas a partida está bem longe de terminar.

Quem apostou que a Oi conseguiria vender a Unitel está vendendo as ações e embolsando o lucro. Para isso, está trocando de lugar com quem acha que a companhia ainda tem boas cartas para as próximas rodadas. Senhoras e senhores, façam suas apostas…

Por Money Times

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