Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - O setor sucroenergético brasileiro "tem grandes expectativas" de que o etanol entre na pauta de discussões entre Mercosul e União Europeia (UE) já na próxima semana, embora com uma proposta aquém da "aceitável", disse nesta sexta-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), em nota.
Uma oferta agrícola deverá ser entregue pela UE ao Brasil na semana que vem, durante reunião em Brasília para se discutir uma maior abertura comercial entre as partes.
Entretanto, países liderados por França e Irlanda propuseram adiar a oferta, o que coloca em xeque a possibilidade de um acordo político entre os blocos até o fim do ano, como quer o Mercosul. [nL2N1MA0I7]
"Há informações de que a proposta que a UE vai trazer na bagagem para as negociações da próxima semana no Brasil será de uma cota de 600 mil toneladas (de etanol), das quais 400 mil para fins industriais, o que consideramos muito aquém do aceitável", disse, no comunicado, o diretor-executivo da entidade, Eduardo Leão.
Ele lembrou que o produto estava na oferta feita originalmente em 2004, com um volume da ordem de 1 milhão de toneladas, e disse que o setor defende a liberação total do produto para fins industriais.
No caso do açúcar, que deve ser discutido em rodadas posteriores, "é fundamental que a tarifa intra-quota seja zerada", afirmou Leão.
Atualmente, as cotas destinadas ao Brasil sofrem uma tarifa de 98 euros por tonelada do produto e, com a liberação das cotas de produção de açúcar para indústria europeia prevista para o próximo mês de outubro, a tendência é de que as necessidades de importações europeias se reduzam substancialmente, segundo a Unica.
"Nesse novo cenário, se essa tarifa intra-quota brasileira descabida permanecer, isto significará a completa saída do açúcar brasileiro naquele mercado. Seria um resultado desastroso para as negociações", concluiu Leão.