Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - Os principais acionistas da BRF (SA:BRFS3) disseram na sexta-feira que darão autonomia ao novo conselho para iniciar a recuperação da empresa, que sofre após dois anos de prejuízos em parte causados pelo escândalo da Carne Fraca e má administração dos estoques de ração.
Os fundos de pensão Previ e Petros, que possuem 22 por cento da processadora de alimentos, também disseram que a conclusão da mudança do conselho esta semana encerrou uma longa batalha no colegiado conduzida por acionistas com opiniões divergentes sobre como resgatar a companhia de seus problemas gerados internamente.
A Previ e a Petros reafirmaram que são investidores de longo prazo e planejam dar ao novo conselho da BRF independência para identificar problemas e propor soluções.
"Não cabe a nós elaborar uma nova estratégia para a empresa", disse Walter Mendes, diretor da Petros, a jornalistas nesta sexta-feira, um dia depois de os investidores elegerem 10 membros do conselho para novos mandatos de dois anos. "Não seremos intrusivos", disse Gueitiro Genso, chefe da Previ, na mesma teleconferência.
A maioria dos acionistas da BRF escolheu na quinta-feira Pedro Parente, presidente-executivo da Petrobras (SA:PETR4), como presidente do conselho, confiando em seu histórico de liderança em meio a crises para ajudar a transformar a empresa.
As ações da BRF fecharam em queda de quase 1 por cento nesta sexta-feira após sua confirmação, mas subiram mais de 20 por cento após Parente ter sido indicado para se tornar presidente do conselho em 18 de abril.
Uma das prioridades do novo conselho é encontrar um novo presidente-executivo para a BRF, depois que José Aurélio Drummond Jr renunciou na segunda-feira passada, sucumbindo à pressão decorrente da divisão no conselho.
"Este novo conselho terá unidade para realizar um plano de recuperação", disse Mendes, acrescentando que "a dissidência entre os acionistas está no passado".
O ex-presidente do conselho Abilio Diniz, que disse ter sugerido o nome de Parente aos fundos de pensão, isentou os membros que estão deixando o conselho e a atual administração de culpa pelos problemas da empresa.
Apesar de admitir que a operação Carne Fraca da Polícia Federal "teve um efeito devastador", ele acrescentou que a BRF poderia sobreviver mesmo depois que a União Europeia proibiu as exportações, principalmente de frango, de 12 de suas unidades.
"Solicitamos a dissolução do conselho anterior devido aos maus resultados da empresa", disse Mendes. Mas Diniz discordou: "As dificuldades enfrentadas pela empresa teriam ocorrido com qualquer conselho e com qualquer administração", disse o empresário, que ainda possui 4 por cento da BRF.
Durante o período de cinco anos de Diniz como presidente do conselho, as ações da BRF perderam cerca de 40 por cento de seu valor.
(Por Ana Mano)