Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A Odebrecht admitiu nesta quinta-feira que participou de práticas empresariais impróprias e anunciou uma série de medidas destinadas a melhorar a governança e a manter a solidez financeira do grupo, um dos principais alvos do escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato.
"O que mais importa é que reconhecemos nosso envolvimento, fomos coniventes com tais práticas e não as combatemos como deveríamos", disse a maior empreiteira da América Latina em comunicado.
Mas o comunicado não mencionou a assinatura de um acordo de leniência com procuradores da Lava Jato, no qual o grupo aceitou pagar multa de 6,7 bilhões de reais, segundo publicou a Reuters, citando fonte ligada ao Ministério Público.
O acordo de leniência abre caminho para a assinatura de acordos de delação premiada com 77 executivos e funcionários da Odebrecht, incluindo o ex-presidente Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba e condenado a 19 anos e 4 meses de prisão em ação da Lava Jato.
No documento, intitulado "Desculpe, a Odebrecht errou", o grupo também anunciou um conjunto de compromissos de atuação futura, incluindo o de não tolerar corrupção e de ter pelo menos 20 por cento de membros independentes no conselho de administração.
No plano financeiro, a companhia informou que está executando um plano destinado a garantir sua solidez financeira, incluindo a venda de cerca de 12 bilhões de reais em ativos até meados de 2017. Desse total, já foi alienado o equivalente a 5 bilhões de reais.
O programa já envolveu a venda da fatia de 70 por cento na Odebrecht Ambiental, pelo equivalente a 878 milhões de dólares, em outubro; de 57 por cento da concessão rodoviária Rutas de Lima, no Peru; de 100 por cento da Concessionaria Trasvase Olmos e H2Olmos, de concessões de irrigação no Peru; e da Odebrecht Energias Alternativas.
Além disso, o grupo ainda negocia a venda de participação de 28,6 por cento na empresa de energia Santo Antônio Energia; de uma usina hidrelétrica e de um gasoduto no Peru; de participação em um bloco de petróleo em Angola; e das unidades de tratamento de águas industrias Cetrel, Ecosteel Gestão de Águas e Ecosteel Gestão de Efluentes Industriais.
Simultaneamente à reestruturação da unidade Odebrecht Agroindustrial, a Odebrecht Óleo e Gás negocia com detentores de títulos de sua subsidiária Odebrecht Offshore, afetados pela rescisão pela Petrobras (SA:PETR4), em 2015, de um unidade de perfuração para exploração de petróleo.