Por Guillermo Parra-Bernal e Danilo Masoni
SÃO PAULO/MILÃO (Reuters) - A operadora telefonia Oi, o grupo mexicano América Móvil, dono da Claro, e a espanhola Telefónica, dona da Vivo no Brasil, fecharam acordo para realizar uma oferta conjunta pela TIM Participações, por cerca de 32 bilhões de reais (13 bilhões de dólares), disseram duas fontes com conhecimento direto do tema nesta sexta-feira.
As companhias concordaram em apresentar uma oferta única para os acionistas minoritários e para a Telecom Italia, que detém 67 por cento da TIM, a segunda maior operadora de telefonia móvel do Brasil, disse a primeira fonte, que pediu para não ser identificada porque a negociação ainda está em andamento.
Uma oferta poderá ser apresentada em duas semanas, disseram as duas fontes. A primeira fonte disse que Oi, América Móvil e Telefónica estão confiantes que sua oferta não encontrará muita resistência dos reguladores brasileiros. A oferta carrega um prêmio de 5 por cento para controladores e minoritários da TIM, disse a primeira fonte.
A Telecom Italia, cujo Conselho se reúne em 6 de novembro para examinar seus resultados trimestrais, ainda não recebeu qualquer oferta pela TIM, disse o presidente do Conselho de Administração, Giuseppe Recchi, nesta sexta-feira. A companhia com sede em Roma disse diversas vezes que o Brasil é um mercado estratégico, mas que consideraria vender a TIM se uma oferta de valor alto fosse feita.
Especialistas ouvidos pela Reuters consideraram, no entanto, a oferta das três concorrentes muito baixa. Na opinião do ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros, o prêmio de 5 por cento não corresponde às expectativas da empresa italiana.
"A TIM tem valor estratégico superior", disse Quadros. "Esse valor não é suficiente para (comprar o) desejo que a Telecom Italia tem no Brasil", declarou, ao comparar a oferta com a operação de compra da operadora de banda larga GVT pela Telefónica, que envolveu cerca de 9 bilhões de dólares.
Henrique Florentino, analista da Um Investimentos, também tem a mesma visão. Para ele, o prêmio teria de ser de ao menos 20 por cento. Para Ari Lopes, da consultoria Ovum, a oferta servirá apenas para "testar a água" e verificar qual é a real disposição da Telecom Italia de vender a TIM.
FATIAMENTO
Caso a oferta seja aceita, as três companhias terão de dividir a TIM, disse a primeira fonte. O fatiamento da empresa reduziria o número de concorrentes no Brasil de quatro para três, dando mais fôlego às empresas restantes que sofrem para adicionar clientes, investir em redes de alta velocidade e proteger margens em uma economia estagnada.
Segundo especialistas, apesar de trazer prejuízos ao consumidor por conta da redução da competição, a tendência é que os reguladores aprovem a operação na medida em que esta poderia ser a tábua de salvação da Oi, operadora altamente endividada e que encontra dificuldades para competir no mercado.
"A Oi tem balanço apertado e reguladores não podem olhar só a questão concorrencial", disse Florentino, da Um Investimentos. "Não podem ver o que está acontecendo com a Oi e ficar inertes."
Sob o acordo, a Claro ficaria com 40 por cento da TIM, a Oi ficaria com 28 por cento e a Telefónica com cerca de 32 por cento, disse a primeira fonte. A América Móvil, controlada pelo bilionário mexicano Carlos Slim, confirmou em setembro que planejava se unir à Oi para fazer uma oferta conjunta pela TIM.
Uma terceira fonte disse à Reuters nesta sexta-feira que a Telefónica entrou nas negociações para uma oferta pela TIM recentemente. Após o fechamento do mercado nesta sexta-feira, a Telefônica Brasil disse em comunicado que "desconhece a existência de acordo" para oferta de compra da TIM.
As ações da Telecom Italia subiram 4,1 por cento em Milão. Os papéis da Telefónica subiram 2,6 por cento, enquanto as ações da Telefônica Brasil saltaram 8,1 por cento na BM&FBovespa. Os papéis da América Móvil subiram 1,6 por cento na Cidade do México.
As ações da Oi, que chegaram a subir quase 22 por cento durante o pregão, fecharam em alta de 13 por cento, em reação à notícia que foi publicada primeiramente pelo jornal Folha de S. Paulo. Os papéis da TIM fecharam em alta de 15 por cento.
O banco de investimento BTG Pactual está coordenando a operação.
América Móvil, BTG Pactual, Oi e representantes da Telefónica em Madri não comentaram. A TIM disse desconhecer qualquer oferta de compra.
(Reportagem adicional de Brad Haynes em São Paulo, Luciana Bruno no Rio de Janeiro, Alberto Sisto em Roma, Julien Toyer em Madri e Tomás Sarmiento na Cidade do México)