Por Roberto Samora e Marta Nogueira
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) elevará o preço médio da gasolina e do gás de cozinha nas refinarias em 7,2% a partir de sábado, refletindo o avanço do petróleo no mercado externo e fortalecimento do dólar, informou a companhia nesta sexta-feira.
Com os reajustes, a gasolina passará a ser vendida pela petroleira nas refinarias às distribuidoras a 2,98 reais por litro, após um período de estabilidade de 58 dias, segundo a Petrobras.
No acumulado do ano, a gasolina da Petrobras soma alta de mais de 60%. Já o diesel, que sofreu aumento na semana passada, acumula avanço de mais de 50%.
O gás de cozinha, após o ajuste, será comercializado a 3,86 por kg, equivalente a 50,15 reais por botijão de 13 kg, depois de 95 dias com preços estáveis.
A companhia afirmou que elevação reflete os patamares internacionais de preços de petróleo, "impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial", e a taxa de câmbio, "dado o fortalecimento do dólar em âmbito global".
De acordo com a companhia, esses ajustes "são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras".
O Brasil não consegue produzir todo o combustível que consome, dependendo então de volumes de importação para atender ao mercado.
O repasse dos reajustes da estatal nas refinarias aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margens de distribuição e revenda, misturas de biocombustíveis, impostos, dentre outros.
Na semana passada, a Petrobras já havia elevado o preço do diesel em 9%, depois de 85 dias de estabilidade.
Mesmo após os reajustes, o Goldman Sachs (NYSE:GS) afirmou em nota a clientes que os preços do diesel e da gasolina permanecem 18% abaixo da paridade de importação, segundo seus cálculos.
"Continuamos a ver riscos em torno da implementação da política de preços de combustível diante da eleição do próximo ano", afirmou o banco.
A Petrobras e o governo têm reiterado que a estatal possui liberdade para ajustar preços, conforme estratégias de mercado.
Mas há forte pressão segmentos da sociedade que questionam os fortes avanços, que ocorrem como reflexo do mercado internacional, em meio à alta da inflação.