SÃO PAULO (Reuters) - O reajuste de tarifas pedido pela Sabesp para aplicação em dezembro deve ser maior que os 5,44 por cento acertados no começo do ano, mas suspenso antes das eleições de outubro, afirmaram executivos da companhia nesta sexta-feira.
A empresa, controlada pelo governo do Estado de São Paulo, conseguiu o reajuste em meados de abril, mas na época a Arsesp, agência reguladora do setor, autorizou a aplicação do aumento das tarifas em "momento oportuno".
No caso, o momento oportuno foi dezembro, conforme comunicado da empresa na noite de quinta-feira ao mercado.
Nesta sexta-feira, o diretor financeiro da Sabesp, Rui Afonso, afirmou a analistas em videoconferência que o reajuste pretendido "deverá ser maior que os 5,44 por cento", diante da necessidade de correção monetária. Ele não comentou qual será o índice a ser aplicado.
O processo de revisão tarifária deveria ter sido concluído em agosto de 2013, mas passou por uma série de adiamentos.
Segundo Afonso, entre os motivos citados pela Sabesp para pleitear o reajuste está necessidade de apoiar o equilíbrio financeiro da companhia, que fechou o terceiro trimestre com queda de 81 por cento no lucro líquido, a 91,5 milhões de reais. A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada caiu de 37,6 para 26,3 por cento.
O resultado foi pressionado por forte aumento de custos num ano que a empresa está revendo investimentos e operações para focar na garantia do abastecimento de água da população, numa das piores crises de água vividas pelo Estado de São Paulo nos últimos anos.
Afonso afirmou que a empresa está monitorando com atenção suas obrigações financeiras, chamadas de "covenants", para evitar descumprimento de termos acertados com credores em 2015.
"Os covenants estão sendo monitorados e, para 2015, todos os covenants relacionados à dívida líquida ou bruta sobre Ebitda sofrerão especial atenção para evitarmos qualquer descumprimento", disse Afonso. Segundo ele, as métricas de endividamento serão cumpridas por meio de cortes de custos e do aumento das tarifas da empresa.
No terceiro trimestre, relação de dívida sobre Ebitda ajustado cresceu para 2,4 vezes, ante 1,9 vez no primeiro trimestre, segundo dados da companhia.
(Por Alberto Alerigi Jr.)