Por Moira Warburton e Diane Bartz
WASHINGTON (Reuters) - O presidente da Câmara dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy, minimizou neste domingo a oposição veemente entre os radicais do partido a um novo acordo com o presidente Joe Biden para suspender o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares, prevendo que a maioria dos republicanos da Câmara apoiaria o projeto.
Depois de negociações bastante acirradas para chegar a um acordo provisório com a Casa Branca sobre o limite do teto da dívida neste final de semana, agora o próximo desafio será aprová-lo na Câmara, onde os republicanos mais linha-dura já ameaçam boicotá-lo.
"Vamos tentar" impedir que ele seja aprovado na Câmara, disse no Twitter o deputado Chip Roy, um membro proeminente do grupo House Freedom Caucus, que reúne republicanos mais extremistas.
Outros republicanos da Câmara e do Senado também criticaram o cronograma do acordo e alguns dos termos.
Mas McCarthy rejeitou as ameaças de oposição dentro de seu próprio partido, dizendo que "mais de 95%" dos republicanos da Câmara estavam "extremamente entusiasmados" com o acordo.
"Este é um projeto de lei bom e forte pelo qual a maioria dos republicanos votará", disse o republicano da Califórnia a repórteres no Capitólio dos EUA.
"Você terá republicanos e democratas capazes de levar isso ao presidente."
Caso o Congresso falhe e não consiga estender o teto da dívida até o dia 5 de junho, a situação pode desencadear um calote geral que abalaria o mercado financeiro e levaria os Estados Unidos a uma recessão profunda.
Os republicanos controlam a Câmara com 222 membros contra 213, e os democratas são a maioria no Senado (51 a 49). Essas margens significam que os moderados de ambos os lados terão de apoiar o projeto de lei, já que qualquer concessão significará a perda do apoio da extrema esquerda e da extrema direita de cada partido.
Para ganhar o direito de ser líder da Câmara, McCarthy havia concordado em permitir que qualquer membro da Casa convoque uma votação para derrubá-lo, o que eventualmente pode levar à sua deposição caso ele busque trabalhar com os democratas.
Chip Roy reclamou no Twitter neste domingo que o acordo deixará intacta uma expansão do Serviço Interno da Receita norte-americana, sistema de arrecadação de impostos estabelecido quando os democratas controlavam as duas casas do Congresso.
O senador Lindsey Graham também expressou preocupação com o efeito potencial que o acordo pode representar à defesa dos EUA e na assistência de Washington à Ucrânia.
“Não pretendo apoiar o calote, mas não apoiarei um acordo que reduza o tamanho da Marinha e impeça a assistência tecnológica e armamentista contínua à Ucrânia”, tuitou Graham.
"Apostar contra o seu oponente quando ele já está na cara do gol não é uma estratégia inteligente", disse o senador republicano Mike Lee no Twitter.
O acordo suspende o teto da dívida até janeiro de 2025, após a eleição presidencial de novembro de 2024, em troca de imposição de limites de gastos e cortes em programas de governo.