Juan Palop.
Berlim, 22 set (EFE).- Os resultados das eleições alemãs deste domingo permitem prever que não haverá mudanças na política europeia de Berlim nos próximos quatro anos, e particularmente, em suas receitas de consolidação fiscal e reformas para sair da crise.
Segundo as últimas projeções da emissora pública de televisão "ARD", a coalizão da chanceler democrata-cristã Angela Merkel obteria 41,7% dos votos, perto da maioria absoluta, o que implica em grande respaldo as suas políticas.
A chanceler, no entanto, deverá buscar uma aliança com algum dos três outros partidos que deverão chegar ao Parlamento: Social-Democrata, Os Verdes e A Esquerda.
Ontem, em seu último grande comício de campanha, em Berlim, Merkel destacou o sucesso de sua gestão de crise, garantindo a manutenção da atual política: "solidariedade sim, mas com condições".
A chanceler advertiu que a crise ainda não deixou a Europa, e que é preciso os países do bloco continental empreenderem reformas estruturais, que a Alemanha fez na primeira década deste século, incluindo a "Agenda 2010", de Gerhard Schröder.
Assim, a população e os governos de países como Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália não podem esperar grandes mudanças no posicionamento alemão, mas talvez a realização de algumas políticas mais concretas, dependendo da aliança firmada.
Os analistas descartam, por exemplo, que Berlim aprove na terceira legislatura de Merkel uma nova flexibilização dos critérios estabelecidos em nível europeu para reduzir o déficit público.
Da mesma maneira, os especialistas descartam que o novo Governo da economia líder na Europa ceda com algum dos modelos de mutualização da dívida pública, imposta nos últimos anos para impedir a subida dos juros que os países em crise pagam para se financiar.
"Nem eurobônus, nem emissões de dívida conjunta", afirmou ontem Merkel, em seu discurso final como candidata.
Além disso, considera-se improvável que a chanceler alemã permita de alguma forma a recapitalização direta dos bancos, um assunto de especial importância para a Espanha, por exemplo, pois o resgate ao setor financeiro foi computado como dívida e déficit do Estado.
Berlim seguirá, após estas eleições, controlando com extrema cautela controlando a união bancária, para conseguir moldá-la a partir de seus critérios.
As novidades, principalmente a partir de uma coalizão com social-democratas e verdes, podem vir por duas vias: as medidas europeias sobre crescimento e o emprego, além da política comum financeira.
Também pode ser tentado instigar políticas comuns para fomentar o crescimento e o emprego, o que não apresentou sucesso até o momento.
O próximo Executivo poderia, além disso, colocar força na entrada em vigor em um imposto sobre as transações financeiras, que 11 países da União Europeia já aprovaram, ou promover uma regulação bancária mais restrita.
O que parece mais provável - e imediato - é que amanhã as bolsas europeias, com a de Frankfurt destacando-se, analisem os resultados destas eleições. Os analistas não descartam certo grau de turbulência até que se forme um Governo em Berlim. EFE
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