Por Seyhmus Cakan
DIKMETAS Turquia (Reuters) - Quase mil curdos sírios se reuniram na fronteira da Síria com a Turquia nesta sexta-feira, buscando abrigo após combatentes do Estado Islâmico terem tomado 21 vilas e cercado uma cidade curda no norte sírio, disse uma testemunha ouvida pela Reuters.
A multidão, composta majoritariamente de mulheres e crianças, ficou rente a uma barreira de arame farpado do lado sírio da fronteira, do outro lado da divisa com a cidade de Dikmetas, localizada a cerca de 20 quilômetros da cidade curdo-síria de Ayn al-Arab, também conhecida como Kobani.
O ataque a Kobani levou militantes curdos a convocarem jovens do sudeste da Turquia, na maioria curdos, para se unirem à luta contra o Estado Islâmico (EI), e ocorre dias após militares dos EUA terem dito que a ajuda dos curdos sírios seria necessária contra os rebeldes islâmicos.
O número de curdos na fronteira diminuiu em relação a quinta-feira à noite, quando a estimativa era de cerca de 3.000, mas mais pessoas estavam chegando a pé vindas de vilarejos próximos, carregando seus pertences em sacolas, disseram testemunhas. Forças de segurança turcas não estavam permitindo que eles cruzassem a fronteira.
"O tempo estava frio durante a noite, então a maioria voltou para suas vilas. Eles começaram a voltar para a fronteira de manhã", disse Halil, um homem de cerca de 40 anos que estava do lado turco da fronteira.
Soldados turcos armados com rifles formaram uma linha para manter a segurança na fronteira, mas permitiram que pessoas do lado turco entregassem, de seu lado da cerca, água e comida para os deslocados sírios.
"As pessoas estão continuando a vir a pé e em veículos. Esperamos que esses números cresçam para 3 mil a 4 mil", disse o representante municipal Huseyin Gundogdu.
Segundo ele, autoridades militares e funcionários humanitários visitaram a área e estavam avisando os curdos-sírios que eles receberiam ajuda perto do lado sírio da fronteira, perto de Kobani.
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, disse que os governadores das províncias fronteiriças na Turquia, onde militantes curdos se insurgiram por décadas em busca de maior autonomia, haviam recebido ordens de auxiliar os refugiados no lado sírio da fronteira.
"Estamos prontos para ajudar nossos irmãos que chegam à fronteira independentemente de sua etnia, religião ou seita. Mas nossa prioridade é entregar essa ajuda do lado sírio da fronteira", disse ele a repórteres na capital Ancara, na quinta-feira.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse na semana passada que não hesitaria em bombardear o Estado Islâmico, que tem utilizado a Síria como uma base para avançar com seu plano de remodelar o mapa do Oriente Médio de acordo com uma visão extremista do Islã sunita.