Copenhague, 20 jan (EFE).- O governo da Noruega anunciou nesta terça-feira a intenção de alterar o limite da banquisa ártica, a camada de gelo flutuante que se forma nas regiões polares, o que facilitaria a atividade petrolífera nos mar de Barents.
A modificação, que significaria deslocar o limite entre 60 e 70 quilômetros ao norte, se baseia em novos cálculos realizados pelo Instituto Polar a pedido das autoridades, dessa vez com a utilização de dados mais recentes que na análise anterior, feita há quatro anos.
"Houve muita confusão e discussão sobre o limite da banquisa. Minha responsabilidade é esclarecer tudo. O gelo marinho foi deslocado para o norte nas últimas décadas, sobretudo na região leste", declarou hoje a ministra de Clima e Meio Ambiente, a conservadora Tine Sundtoft.
Com o novo cálculo proposto, a área ao sudeste do mar de Barents incluída em uma rodada de concessões de licença de exploração petrolífera ficaria ao sul do limite, o que facilitaria sua tramitação ao reduzir aparentemente o risco ambiental.
O Partido Liberal e o Partido Democrata-Cristão, que têm a maioria absoluta no governo em minoria de conservadores e ultranacionalistas, se opuseram à modificação e anunciaram que votarão contra a proposta quando for apresentada no parlamento dentro de poucos meses.
ONGs ambientalistas como Greenpeace e o WWF acusaram o governo de ceder às pressões da indústria petrolífera.
"Não movimentamos a borda do gelo, ele se movimentou só. O que recebemos é uma atualização científica baseada na situação real de hoje", declarou a primeira-ministra conservadora, Erna Solberg, em uma conferência em Tromso, ao norte do país.
A Noruega, o principal país exportador de petróleo e gás na Europa Ocidental, anunciou na semana passada um corte de 15% em seus investimentos para 2015 no setor petroleiro e de gás devido à queda do preço do petróleo e ao aumento dos custos.